Acesso ao imóvel de Ghosn no Rio cria risco de destruição de provas, diz Nissan

Executivo preso pede acesso ao apartamento na Justiça brasileira; montadora trocou fechaduras

Nicola Pamplona
Rio de Janeiro

A juíza Sônia de Fátima Dias suspendeu no sábado (8) liminar que permitia o acesso ao apartamento da Nissan no Rio cedido ao ex-presidente do conselho de administração da companhia, Carlos Ghosn, que está preso no Japão.

No processo, a montadora diz que a entrada no apartamento representa "risco incalculável de destruição de potenciais provas dos crimes alegadamente praticados" pelo executivo. 

A empresa solicita que os bens que estão dentro do imóvel sejam inventariados e entregues à custódia do gerente de Governança, Riscos e Compliance da empresa, Salvador Dahan.

Preso desde o dia 19 de novembro, Ghosn pede na Justiça brasileira acesso ao apartamento para retirar bens pessoais —que, segundo sua defesa, "podem ser extraviados, furtados ou danificados, sobretudo aqueles com valor de mercado, como por exemplo, relógios, joias e obras de arte". 

 

Localizado na zona Sul do Rio, o imóvel foi comprado por subsidiária da Nissan em 2012 para servir de residência a Ghosn quando o executivo estivesse no Rio. Na época, a montadora iniciava a construção de uma fábrica na região sul do estado.

Após a prisão de Ghosn, a Nissan trocou as fechaduras do imóvel, negando acesso a familiares e representantes do executivo. Diz que encontrou três cofres fechados dentro do apartamento, que poderiam conter evidências de crimes. 

"Neles podem estar bens que tenham sido adquiridos com recursos da Nissan e que sejam de sua propriedade", acrescenta. 

A defesa do executivo diz que a medida infringiu a inviolabilidade do lar e privou o executivo de seus bens sem o devido processo legal. A filha de Ghosn, Caroline Ghosn Bichara, também é autora do processo.

Na última quinta (6), o juiz Ricardo Cyfer concedeu liminar garantindo o acesso por 24 horas, alegando que ainda não havia imputação criminal contra o executivo. A liminar foi derrubada no sábado, acatando recurso da Nissan.

A decisão foi publicada nesta segunda (10), mesmo dia em que Ghosn foi oficialmente indiciado por procuradores de Tóquio por problemas em sua declaração de renda. A Nissan também foi indiciada, por apresentar declarações financeiras falsas.

A defesa do executivo não retornou ao pedido de entrevista. A Nissan disse em nota que está cooperando com as autoridades e trabalhando para evitar a destruição de qualquer indício ao permitir o acesso ao imóvel.

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