Membros do Fed deixam pouca dúvida: altas de juros podem esperar

Temor de novas altas mesmo com desaceleração da economia dos EUA deixou mercado financeiro volátil

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San Francisco | Reuters

Paciência é o novo mantra no Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) faltando menos de duas semanas para a primeira reunião de política monetária do banco central norte-americano neste ano, uma vez que as autoridades deixaram poucas dúvida de que querem parar com os aumentos dos juros —pelo menos por enquanto.

O presidente do Fed, Jerome Powell, usou primeiramente a palavra “paciente” para descrever sua abordagem à política monetária no início do mês, uma fala que acalmou o mercado financeiro após meses de volatilidade.

Esta semana, sete outros membros acompanharam Powell na adoção de uma abordagem paciente, ou sinalizando uma inclinação a pausar o ciclo de aperto monetário.

Isso acontece após uma abordagem de “esperar para ver” que foi adotada no início do mês por vários outros membros do Fed, deixando claro que surgiu um consenso entre as 17 autoridades que se reunirão em 29 e 30 de janeiro.

Presidente do Fed, Jerome Powell, durante evento em Washignton FW1
Presidente do Fed, Jerome Powell, durante evento em Washignton - Jim Young/Reuters

O crescimento global mais lento, uma derrocada do mercado acionário no último trimestre e uma paralisação parcial do governo norte-americano que ameaça a confiança e os gastos do consumidor deixaram muitos deles preocupados sobre o que há apenas um mês os membros do Fed chamavam de forte atividade econômica.

E, dizem eles, a economia ainda tem que sentir os efeitos totais dos quatro aumentos de juros realizados pelo Fed no ano passado.

"A abordagem que precisamos é de prudência, paciência e bom julgamento", disse o presidente do Fed de Nova York, John Williams, na sexta-feira, acrescentando que se o crescimento continuar, novas altas de juros podem ser necessárias em algum momento.

Mas por enquanto, ele disse, aquilo que impulsionou a economia norte-americana durante a maior parte do ano passado perdeu fôlego.

Mary Daly, que trabalhava para Williams quando ele comandou o Fed de San Francisco e agora é presidente do banco regional, está “inclinada a pausar por enquanto” para ver como a economia progride, noticiou o Washington Post na sexta-feira, em comentários confirmados por um porta-voz do banco.

De forma similar, o presidente do Fed de Dallas, Robert Kaplan, disse na terça-feira que a “paciência” do Fed deve durar um trimestre ou dois. Mesmo a presidente do Fed de Kansas City, Esther George, que ficou famosa por ser a única defensora de altas de juros quando a maioria dos membros se opunha, defendeu uma pausa nas altas de juros.

Charles Evans, do Fed de Chicago, e Neel Kashkari, do Fed de Minneapolis, reiteraram esta semana seu apoio a uma pausa nas altas de juros. James Bullard, do Fed de St. Louis e Raphael Bostic, do Fed de Atlanta, apostaram nesta visão mais cedo este mês.

As preocupações vão desde temas amplos, como a desaceleração do crescimento na China, até outras mais específicas, como o impasse em Washington que manteve partes do governo federal paralisadas por 28 dias.

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