As vendas de etanol hidratado no mercado brasileiro cresceram 42,1% em 2018, segundo dados divulgados nesta terça pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis). A alta reflete a busca, pelo consumidor, de alternativa aos altos preços da gasolina durante o ano.
No geral, o consumo de combustíveis no país ficou estagnado no ano, com alta de apenas 0,03%. Para o diretor-geral da ANP, Décio Oddone, além da economia fraca, os altos preços nos últimos anos contribuíram para o desempenho, que repete anos anteriores.
“O Brasil passou 2016 e 2017 com preços acima do mercado internacional”, disse ele, em evento para anunciar o balanço do mercado de combustíveis em 2018.
Ele voltou a defender maior competição no mercado de refino, com a venda de refinarias da Petrobras. A ANP chegou a ir ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) para questionar a concentração nesse mercado.
“A venda de refinarias da Petrobras é boa para a sociedade”, afirmou Oddone. A estatal tem hoje dois processos de venda de polos de refino em curso e não descarta aprofundar a estratégia de reduzir sua participação no mercado.
No ano passado, o país consumiu 19,4 bilhões de litros de etanol hidratado. “O crescimento foi motivado, em grande parte, pelo ganho de competitividade no preço em relação à gasolina C nos estados com maior produção de etanol”, disse à agência.
As vendas de gasolina C (já misturada ao etanol anidro) caíram 13,1%, para 38,3 bilhões de litros. O consumo de etanol anidro caiu na mesma proporção. Ainda sim, o consumo total de etanol cresceu 16,3%, para 29,7 bilhões de litros.
O consumo de diesel teve alta de 1,4%, para 55,5 bilhões de litros, segundo a ANP, devido à recuperação econômica. Com o aumento do percentual obrigatório de 8% para 10%, o volume de biodiesel vendido no país cresceu 25,3%, para 5,4 bilhões de litros.
No ano, houve queda de 24,5% nas importações de combustíveis, com destaque para diesel (-14%) e gasolina (-60,7%).
No caso do diesel, o programa de subvenção criado para por fim à greve dos caminhoneiros contribuiu: importadores privados recuaram, levando a Petrobras a aumentar a produção em suas refinarias.
FATIA DE MERCADO
Com os altos preços, o consumidor preferiu também abastecer em postos de bandeira branca, onde o combustível costuma ser mais barato. A fatia de mercado desse tipo de posto cresceu de 42,5% para 43,8%.
Entre as bandeiras tradicionais apenas a Raízen cresceu (de 10,9% para 11,4%). BR e Ipiranga tiveram queda. Juntas, as três dominam 43,1% das vendas para postos de combustíveis no país.
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