Em reunião com Guedes, governadores dizem que Planalto se tornou 'gerador de crises'

O ministro, segundo relatos, silenciou sobre ao ouvir as críticas

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São Paulo e Brasília

Em reunião com governadores, nesta terça-feira (26), o ministro da Economia, Paulo Guedes, ouviu duras críticas à capacidade de organização e articulação do governo Jair Bolsonaro (PSL).

Políticos de diversos estados e partidos manifestaram dúvidas sobre a possibilidade de a reforma da Previdência ser aprovada nesse ambiente e apontaram o Palácio do Planalto como um gerador de crises.

O ministro, segundo relatos, silenciou sobre as críticas, mas defendeu enfática e permanentemente a necessidade das mudanças nas regras de aposentadoria.

Alguns governadores deixaram a reunião, em Brasília, antes de o encontro acabar.

Segundo relatos ouvidos pela reportagem, Guedes voltou a defender um novo pacto federativo, no que foi acompanhado pelos gestores estaduais, mas em seguida ouviu cobranças de que o governo precisa "organizar a casa e acabar com a crise política".

Até governadores alinhados a Bolsonaro, como Eduardo Leite (PSDB-RS), manifestaram preocupação com o cenário atual.

Helder Barbalho (MDB), do Pará, disse, segundo colegas, que a sucessão de tropeços começa a "gerar um ambiente de desconfiança de que as coisas vão de fato acontecer".

Guedes foi apoiado pelos políticos ao pontuar a necessidade da reforma, mas após a reunião alguns governadores disseram que o ministro parece ter se "rendido ao samba de uma nota só", por ter condicionado a aceitação de demandas estaduais à aprovação do texto previdenciário.

Diante das dificuldades, os governadores passaram a defender pautas descoladas da Previdência e que possam resultar em aumento de receitas.

Na avaliação de um dos governadores, os estados não podem ficar aguardando a reforma que representaria um fôlego financeiro para o futuro, e não para o presente.

Segundo Leite, os governadores pediram a antecipação de recursos, como forma de estimular o ajuste nos estados.

Em troca, os estados cederiam à União participações em empresas públicas estaduais que tenham capital aberto (ações negociadas em Bolsa).

Também pressionaram Guedes a vincular o apoio à reforma da Previdência à tramitação do projeto de lei da cessão onerosa, que autoriza a distribuição da verba obtida com o leilão de áreas do pré-sal para estados e municípios.

Guedes vinha argumentando que a partilha da cessão onerosa ocorresse após a aprovação da reforma, mas os governadores disseram que sem o gesto do governo federal não haveria clima político para mudar as regras do sistema de aposentadorias.

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