Azul diz que Latam e Gol bloquearam entrada na ponte aérea Rio-SP

As três companhias disputam os direitos de pouso e decolagem da Avianca

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São Paulo | Reuters

O presidente-executivo da Azul afirmou nesta quinta-feira (9) que suas duas maiores rivais impediram a empresa de ter um serviço competitivo na lucrativa ponte aérea Rio-São Paulo.

"Essencialmente o que elas fizeram foi acertar um plano para nos manter fora", disse John Rodgerson, referindo-se à Gol e Latam.

O comentário foi feito semanas depois que a Azul engendrou um plano para ampliar sua presença na ponte aérea, que é a rota mais movimentada da América do Sul. O plano, porém, fracassou depois de intervenção das rivais.

As três companhias aéreas estão disputando direitos de pouso e decolagem (slots) que estão em poder da Avianca Brasil, cujo leilão de ativos nesta semana foi suspenso por ordem judicial.

A Azul tinha inicialmente fez um acordo com a Avianca Brasil, em março, para ficar com slots nos principais aeroportos do país onde a empresa opera, incluindo Congonhas e Santos Dumont.

Semanas depois, porém, Gol e Latam acertaram um entendimento diferente com o principal credor da Avianca, o fundo Elliott, que acabou sendo aprovado em assembleia com demais credores e sepultou as pretensões iniciais da Azul.

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John Rodgerson, presidente da Azul - Zanone Fraissat-12.jul.18/Folhapress

Ambos os planos dependem do sucesso do leilão dos ativos da Avianca, mas com a suspensão do certame, em meio a questionamentos sobre o plano de recuperação judicial da empresa, é possível que mesmo Gol e Latam podem ficar sem obter os slots da rival.

"Eu não acho que eles já tiveram alguma intenção de concluir o negócio (compra dos slots)", disse Rodgerson sobre o acordo da Gol e Latam com os credores da Avianca Brasil.

Gol e Latam negaram anteriormente que promoveram qualquer ação anticompetitiva.

Porém, a disputa acabou fazendo a Azul anunciar saída da associação de empresas aéreas do Brasil, Abear, no mês passado, que se reduziu a essencialmente representar Gol e Latam.

"Acredito que a forma como elas se comportaram foi inapropriada e não no melhor interesse da indústria", disse Rodgerson. "Não creio que compartilhamos dos mesmos valores."

Rodgerson deu a entrevista como parte do anúncio de resultados da empresa no primeiro trimestre, no qual custos operacionais maiores impactaram o balanço da companhia, fazendo o lucro cair 20%, para R$ 137,7 milhões, apesar de alta na receita sobre um ano antes.

Em nota, a Latam afirma que as alegações da Azul não têm fundamento e que o plano proposto pelo Elliott "possibilita a participação da Azul ou qualquer outra companhia, diferentemente do plano anterior onde somente a Azul poderia participar".

"O que parece é que a Azul busca um discurso para se fazer de vítima porque não gostou de ter que competir com outras empresas pelos ativos da Avianca", diz o texto.

Segundo a Gol, a proposta da Avianca permite a participação de qualquer empresa interessada, "bastando apenas dar o mais lance durante o leilão", afirma em nota.

"Atribuímos as manifestações da Azul não à nossa legítima participação no processo competitivo para aquisição dos ativos da Avianca, mas à frustração do seu plano de adquirir os mesmo ativos por muito pouco ou quase nada."

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