Dólar recua e vai a R$ 4,05 com retomada de confiança em reforma da Previdência

Apoio da Câmara a mudanças na aposentadoria anima investidores e Bolsa volta aos 94 mil pontos

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São Paulo

O mercado financeiro opera descolado de crises entre governo Bolsonaro e Câmara dos Deputados nesta semana. O apoio de deputados do centrão à reforma da Previdência, mesmo que não seja o texto em trâmite, deixa investidores confiantes com a aprovação de mudanças no sistema de aposentadorias ainda este ano.

O otimismo se reflete na forte recuperação da Bolsa nesta semana. Após bater os 89 mil pontos na sexta-feira (17), o Ibovespa fechou acima dos 94 mil nesta terça (21), com ganho de 2,76%, a terceira maior alta percentual do ano. O dólar perdeu o patamar dos R$ 4,10 e fechou cotado a R$ 4,049, queda de 1,36%.

Notas de dólar
Dólar recua frente ao real e fecha a R$ 4,05 nesta terça-feira (21) - AFP

No exterior, o dia também foi positivo. Bolsas europeias e americanas fecham em alta. Londres subiu 0,25%, Paris, 0,5% e Frankfurt, 0,85%. O índice Dow Jones valorizou 0,77%, S&P 500 0,86% e Nasdaq, 1,08%.

Bolsas asiáticas tiveram dia misto. A Bolsa japonesa recuou 0,14% e Hong Kong, 0,47%. O índice chinês CSI 300, que reúne Shangai e Shenzen, subiu 1,35%, com o adiamento das sanções americanas à Huawei por três meses.

No Brasil, o Ibovespa, maior índice acionário do país, teve alta de 2,76%, a 94.484 pontos, maior patamar desde 9 de maio, quando o índice acentuou declínio com acirramento da guerra comercial entre EUA e China. O giro financeiro foi de R$ 17,2 bilhões, acima da média diária para o ano, que se mantém a R$ 16 bilhões.

“Ficou claro que a Previdência se descola do governo Bolsonaro. Há uma confiança do mercado com a Câmara, que mostra intenção em passar uma reforma. Com isso, as turbulências do governo passam a ser menos relevantes”, afirma Carlos De Freitas, economista-chefe da Ativa Investimentos.

A alta ainda foi impulsionada pela percepção de investidores de que os ativos tiveram uma depreciação acentuada na semana passada, o que gerou uma oportunidade de compra. A sinalização da Câmara de que a MP da reforma administrativa e a MP das empresas aéreas devem ser votadas, e aprovadas, nesta quarta também sustentaram para a alta do índice.

As maiores perdas do dia foram dos frigoríficos com a expectativa de alta da soja, utilizada na alimentação dos rebanhos, devido a guerra comercial entre EUA e China. JBS recuou 6,62%, BRF, 5,68%e Mafrig, 1,94%

Com dois pregões positivos, a Bolsa zerou as perdas da semana anterior e amenizou a queda no mês, a 4,57%. No ano, a valorização é de 4,6%. A saída de investidores estrangeiros em maio é a maior do ano, com retirada de R$ 5,7 bilhões. O saldo anual é negativo em R$ 5,2 bilhões.

O mês, mais uma vez, tem sido o pior do ano para o mercado financeiro. Em maio de 2018, com a greve dos caminhoneiros, o Ibovespa acumulou queda de 10,87%.

"Estamos contando os dias para acabar o mês. Essa segunda e terça foram de correção do mercado com janela de compra. Mesmo com piora da economia, as empresas têm apresentado resultados melhores, então a Bolsa ainda tem muito para subir", afirma Gustavo Bertotti, da Messem Investimentos.

O dólar acumula alta de 4,6% em maio e de 5,88% no ano. Nesta terça, o Banco Central realizou mais dois leilões de linha que somaram US$ 1,25 bilhão de venda com compromisso de recompra. Na quarta (22), acontecerão os dois últimos leilões da semana. 

“O mercado que mais sente o clima vigente é o dólar. O real, no entanto, não tem uma performance isolada, já que a guerra comercial entre EUA e China provoca uma depreciação de mercados emergentes. Para as nossas exportações não ficarem mais caras, a nossa moeda deve que depreciar o mesmo que eles. Um patamar mais justo seria dólar a R$ 3,70, R$ 3,80. Mas, como precisamos de estímulo frente ao mercado externo, um patamar mais alto é favorável para venda de commodities brasileiras”, diz Freitas.

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