Governo pode avaliar adiamento de um dos três leilões de petróleo de 2019, diz ANP

Empresas manifestaram preocupação com concentração das vendas no ano, segundo diretor

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Rio de Janeiro

O diretor-geral da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis), Décio Oddone, admitiu nesta quinta (23) a possibilidade de adiamento para 2020 de um dos três leilões de áreas petrolíferas previstos para 2019, com o objetivo de evitar sobrecarregar as petroleiras interessadas nas concorrências.

Segundo ele, as empresas já manifestam publicamente a preocupação com a concentração de leilões no ano, que prejudicaria a capacidade de análise das áreas oferecidas e de aprovação dos investimentos em suas matrizes no exterior. Ao todo, o governo pretende oferecer 45 áreas.

Marcada para 10 de outubro, a 16ª rodada de concessões inclui 36 blocos fora do polígono do pré-sal. Para o dia 28 de outubro, está marcada o mega-leilão de excedentes da cessão onerosa, quatro reservas já descobertas pela Petrobras no pré-sal. No dia 7 de novembro, serão leiloadas cinco áreas do pré-sal.

"Tendo em vista a definição final sobre o leilão da cessão onerosa, acho que tem espaço para avaliar se vale à pena adaptar o calendário", disse Oddone, em palestra no 10º Seminário de Óleo e Gás Marsh/JLT, no Rio. "A concentração de leilões pode limitar as empresas."

O diretor-geral da ANP disse que ainda não há definição sobre adiamento, que dependeria de confirmação do mega-leilão do pré-sal. O processo depende ainda de autorização do Legislativo para que o governo transfira R$ 33 bilhões à Petrobras, como compensação por efeitos da queda do preço do petróleo sobre contrato assinado em 2010.

Esses recursos serão pagos como uma espécie de vale para que a Petrobras use no leilão dos excedentes –a estatal já informou ao governo que disputará pelo menos duas áreas, ao custo de pelo menos R$ 21 bilhões. Mas, como não há previsão orçamentária para a transferência do montante à estatal, o Congresso precisa aprovar o processo.

A realização do mega-leilão é vista pelo governo como fundamental para ajudar a reduzir o déficit fiscal este ano. Se vender as quatro áreas, a arrecadação será de R$ 106 bilhões. "Acho que, se um leilão vai acontecer este ano, é o da cessão onerosa", afirmou Oddone.

Em entrevista após o evento, ele sugeriu que, caso seja necessário, o governo opte por adiar a 16ª rodada de concessões. "Mas a decisão é do CNPE [Conselho Nacional de Política Energética]", ressaltou. A ideia inicial era que esse leilão fosse realizado no primeiro semestre, mas mudança no prazo de análise de concessões pelo TCU (Tribunal de Contas da União), levou a um adiamento.

Durante o debate, Oddone afirmou que a 16ª rodada de concessões e o 6º leilão do pré-sal são "possivelmente os leilões mais atraentes" que a ANP já elaborou. Em 2020, a agência espera lançar um calendário quinquenal de leilões, sempre prevendo duas rodadas por ano.

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