O dólar tem o quarto pregão de alta seguido nesta terça-feira (27). Por volta das 13h07, a moeda americana sobe 1,25%, a R$ 4,19. Este é o maior patamar desde 13 de setembro de 2018, quando o dólar foi a R$ 4,20, recorde de fechamento do Plano Real, antes das eleições presidenciais.
A cotação da divisa opera descolada da Bolsa brasileira, que esboçou recuperação pela manhã e encostou nos 98 mil pontos. No momento o Ibovespa tem leve alta de 0,25% a 96.673 pontos.
Segundo Fabrizio Velloni, chefe da mesa de operações da Frente Corretor, a alta desta terça é uma continuidade do movimento de aversão a risco com a escalada da guerra comercial.
Na sexta (23), China e Estados Unidos aumentaram tarifas de importação entre si. O presidente americano Donald Trump chegou, inclusive, a colocar o chefe chinês Xi Jinping como o pior inimigo dos Estados Unidos.
Nesta segunda (26), os países mudaram de tom e afirmaram que vão voltar a negociar um acordo comercial.
Mas, nesta terça, outro fator eleva a tensão global. O governo do Irã afirmou que não tem intenção de dialogar com os Estados Unidos sobre a questão nuclear a menos que todas as sanções impostas a Teerã sejam suspensas.
O cenário de desaceleração global e tensões dos americanos com China e Irã leva a maior parte de moedas emergentes a se desvalorizarem.
No Brasil, o real também sofre com a crise na Argentina e pressões domésticas, com a crise diplomática com a França. "Há a saída dos estrangeiros do país e o indiciamento do Rodrigo Maia", aponta Velloni.
Na segunda (26), a Polícia Federal atribuiu ao presidente da Câmara dos Deputados os crimes de corrupção passiva, falsidade ideológica eleitoral (caixa dois) e lavagem de dinheiro ao concluir inquérito sobre supostos repasses da Odebrecht ao deputado e seu pai, o ex-prefeito do Rio de Janeiro e atual vereador César Maia (DEM).
Rodrigo Maia é tido pelo mercado como fiador das reformas preteridas pelo governo Bolsonaro.
Além disso, o dólar tem sido utilizado como proteção a grandes variações do mercado por investidores depois que o diferencial de juros entre o Brasil e o mundo caiu a mínimas recordes. Com isso, o custo de se manter comprado na divisa diminuiu.
(Com Reuters)
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