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Martin Wolf seleciona os melhores livros de economia de 2019

Desigualdade, livre mercado e peso do Estado são temas de algumas das obras indicadas pelo colunista do Financial Times

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Martin Wolf, 73, é comentarista-chefe de economia do jornal britânico Financial Times; em 2000, recebeu o título de CBE (Commander of the British Empire, cavaleiro comandante da Ordem do Império Britânico) por serviços prestados ao jornalismo econômico.

The Narrow Corridor: States, Societies and the Fate of Liberty (O corredor estreito: Estados, sociedades e o destino da liberdade)
Daron Acemoglu e James A. Robinson, Viking, R$ 115,78 (R$ 54,89 versão digital)

“A liberdade é originária de um delicado equilíbrio de poder entre Estado e sociedade”, escrevem os autores de “Por Que as Nações Fracassam”. Uma sociedade de sucesso precisa de um Estado poderoso —o que Thomas Hobbes chamou de Leviatã. Mas esse Leviatã era despótico. O oposto é um Leviatã Ausente, que é uma anarquia ou uma jaula de normas sociais opressivas. No Leviatã Despótico, há muito pouco Estado. No Ausente, muito. Entre os dois está um corredor, onde Estado e sociedade estão em equilíbrio. É aqui que também precisamos estar.

Schism: China, America and the Fracturing of the Global Trading System (Cisma: China, América e a fratura do sistema global de comércio)
Paul Blustein, Centre for International Governance Innovation, R$ 189,86 (R$ 144,13 versão digital)

Os EUA sofrem um extremo arrependimento do comprador pela adesão da China à OMC, em 2001. O livro oferece um corretivo. Não, não teria sido melhor deixar a China pendurada fora da OMC e não, a China não rompeu seus compromissos. Acima de tudo, a OMC “ainda é a melhor maneira de induzir a China a seguir as regras”. Amém.

The AI Economy: Work, Wealth and Welfare in the Robot Age (A economia da IA: trabalho, riqueza e bem-estar na era dos robôs)
Roger Bootle, Nicholas Brearley, R$ 123

Bootle argumenta que as consequências econômicas da inteligência artificial talvez não sejam tão diferentes das transformações tecnológicas anteriores; que a velocidade com que as mudanças ocorrem talvez não seja tão rápida; e que mudanças graduais na política, em vez de uma mudança radical em direção à renda básica universal, são a resposta certa. Precisamos ouvir seus argumentos.

Unbound: How Inequality Constricts Our Economy and What We Can Do about It (Irrestrito: como a desigualdade restringe nossa economia e o que podemos fazer a respeito)
Heather Boushey, Harvard University Press, R$ 108,97 (R$ 63,62 versão digital)

Durante muito tempo, a discussão sobre desigualdade foi sobre se ela era o preço a pagar por uma economia dinâmica. Heather Boushey, do Centro de Washington para Crescimento Equitativo, vira isso de cabeça para baixo. Ela mostra que, além de certo ponto, a desigualdade prejudica a economia, limitando a quantidade e a qualidade do capital e das habilidades humanas e bloqueando o acesso às oportunidades.

Open: The Progressive Case for Free Trade, Immigration, and Global Capital (Aberto: a tese progressista pelo livre-comércio, a imigração e o capital global)
Kimberly Clausing, Harvard University Press, R$ 110,19 (R$ 106,44 versão digital)

A única coisa em que direita e esquerda americanas concordam cada vez mais é que comércio, fluxos de capital e imigração prejudicam muitos, senão a maioria dos americanos. Pelo contrário, diz o professor Clausing, do Reed College, a abertura é fonte de ganho substancial. São as políticas tolas e até malévolas que não ajudam as pessoas e os lugares a se ajustar às mudanças e explorar novas oportunidades.

Extreme Economies: Survival, Failure, Future — Lessons from the World’s Limits (Economias extremas: sobrevivência, fracasso, futuro — lições dos limites do mundo)
Richard Davies, Bantam Press, R$ 65,72 (versão eletrônica)

Explorando como são as economias e a economia em condições extremas, Davies mostra que “o comércio e as trocas surgiram rapidamente em Aceh, devastada pelo tsunami, no campo de refugiados de Zaatari e até nas penitenciárias de Louisiana”. Os mercados são naturais e indispensáveis, mas também podem criar grandes problemas.

The Great Reversal: How America Gave up on Free Markets (A grande reversão: como a América desistiu dos mercados livres)
Thomas Philippon, Belknap Press, R$ 116,32 (R$ 68,19 versão digital)

Philippon usa evidências detalhadas para argumentar que, longe de ser o lar da concorrência do livre mercado, hoje os EUA têm menos concorrência que a União Europeia, que é muito difamada, principalmente em seus mercados de produtos, repletos de monopólio. Isso não resulta de forças naturais, mas de políticas deliberadas. A diminuição da concorrência aumentou os lucros, diminuiu os salários, enfraqueceu o investimento e prejudicou o crescimento da produtividade. Os EUA precisam de um revigoramento antitruste.

The Triumph of Injustice: How the Rich Dodge Taxes and How to Make Them Pay (O triunfo da injustiça: como os ricos evitam os impostos e como fazê-los pagar)
Emmanuel Saez e Gabriel Zucman, WW Norton, R$ 97,94 (R$ 74,09 versão digital)

De acordo com seus números, as 400 famílias mais ricas dos EUA pagam uma alíquota média de imposto menor que qualquer outra faixa de renda, incluindo os 10% inferiores na distribuição de renda. O livro mostra em detalhes como os EUA se tornaram uma plutocracia.

Narrative Economics: How Stories Go Viral and Drive Major Economic Events (Economia narrativa: como as histórias viralizam e impulsionam os principais eventos econômicos)
Robert J. Shiller, Princeton University Press, R$ 111,50 (R$ 70,49 versão digital)

Shiller, ganhador do Nobel, é um dos economistas mais originais do mundo. Neste livro, ele parte do fato óbvio de que a economia é o produto “de pessoas conscientes e vivas, que veem suas ações à luz de histórias com emoções e ideias anexadas”. As histórias permitem que os seres humanos compreendam um mundo incerto. Mas elas também levam as economias a altos e baixos.

Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves

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