Odebrecht anuncia troca no comando do grupo

Mudança é um dos frutos da briga entre Emílio e Marcelo Odebrecht

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São Paulo

A Odebrecht anunciou nesta segunda-feira (16) a troca do diretor-presidente da companhia. Luciano Guidolin, que assumiu em 2017, foi trocado por Ruy Sampaio, que ocupava a cadeira de presidente do conselho de administração da holding. O posto de Sampaio passa a ser ocupado por José Mauro Carneiro da Cunha. 

O comunicado foi assinado por Emílio Odebrecht, mandatário da Kieppe Investimentos e Participações, holding que controla os bens da família Odebrecht. 

"Com a esperada aprovação do plano e a sua posterior homologação pela Justiça, concluiremos um ciclo fundamental para a sobrevivência do Grupo Odebrecht, que alcançará estabilidade financeira mediante uma holding sem dívidas contraídas e sem garantias outorgadas para suas empresas operacionais", disse Emílio no comunicado enviado aos 40 mil integrantes do Grupo Odebrecht.

Fachada da sede da Odebrecht, em São Paulo
Fachada da sede da Odebrecht, em São Paulo - REUTERS

Sampaio é considerado homem de confiança de Emílio. Foi o patriarca da família Odebrecht que o escolheu para o cargo que ocupava antes de ser nomeado diretor-presidente. Antes da presidência do conselho, ele era diretor da Kieppe. 

A mudança é um dos frutos da briga de Emílio com o filho Marcelo. Pai e filho cortaram relações após divergências sobre os rumos do acordo de delação premiada da empresa e de 77 executivos do grupo com a força-tarefa da Operação Lava Jato

No dia 1º de dezembro, Marcelo mandou um email para Emílio, Guidolin e Olga Pontes, diretora de compliance (boas práticas corporativas) da empresa. Também estavam em cópia as pessoas que respondiam diretamente a ele enquanto comandava a empresa. 

Ele trata sobre os pagamentos de bônus chamados ILP (Incentivos de Longo Prazo), a recuperação judicial da empresa e a lista de credores envolvidos na Lava Jato. 

"Acho importante que possamos juntos buscar uma forma transparente, justa e isonômica (e sem mais enrolações de promessas que não serão cumpridas) de construímos uma alternativa que não traga ainda mais prejuízos para os ILPistas [quem recebe este tipo de bônus] e para os colaboradores, e, que ao mesmo tempo, seja possível no contexto da Recuperação Judicial, a qual deve ocorrer do modo mais célere possível para o bem de todos. Pelo menos isto acima é o que eu penso, e o que eu buscaria, se pudesse", diz trecho da mensagem eletrônica. 

Além do fogo cruzado, Guidolin também enfrentava um desgaste natural do cargo, principalmente no momento da companhia, que passa por uma das maiores recuperações judiciais da história do país, com dívidas que chegam a R$ 98,5 bilhões.

A gota d'água, no entanto, teria ocorrido após divergências entre Guidolin e Sampaio que já vinham acontecento há algum tempo. Na semana passada, após uma discussão, Guidolin colocou seu cargo à disposição. 

O novo diretor-presidente, Ruy Sampaio, esteve envolvido nas investigações da Lava Jato. Em 2016, a força-tarefa descobriu que um apartamento comprado pelo marqueteiro João Santana em 2013 havia pertencido a Sampaio até 2009. 

Segundo a Lava Jato, Santana usou uma offshore para comprar o imóvel e não declarou os valores pagos. Sampaio disse que a posse do imóvel foi informada em todas as declarações de Imposto de Renda até a venda e que comprou o apartamento como investimento. 

O diretor de RH e Comunicação, Daniel Villar, também colocou seu cargo à disposição e deixou suas funções executivas na empresa.

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