Oferta de ações da XP nos EUA movimenta US$ 2,25 bilhões

Empresa estreia em Bolsa com US$ 14,9 bilhões de valor de mercado; papéis começam a ser negociados nesta quarta

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Isabela Bolzani Paula Moura
São Paulo e Nova York

A casa de investimentos XP deve captar US$ 2,25 bilhões (R$ 9,33 bilhões) em sua abertura de capital na Bolsa de tecnologia Nasdaq, em Nova York.

Os investidores que adquiriram os papéis, que começam a ser negociados em Bolsa americana nesta quarta-feira (11), pagaram US$ 27 (R$ 112) por ação.

O valor ficou acima do que a empresa havia sinalizado em seu prospecto, que era de US$ 22 a US$ 25 (cerca de R$ 91 a 104).

Ao todo, foram ofertadas 83 milhões de ações neste que é o quarto maior IPO (oferta inicial de ações na sigla em inglês) do ano nos EUA e o segundo maior de uma empresa brasileira, atrás apenas da PagSeguro –sistema de pagamentos de compras que pertence ao UOL, que tem participação acionária minoritária e indireta da Folha— em 2018.

 Guilherme Benchimol, um dos fundadores da XP Investimentos, na sede da corretora em São Paulo
Guilherme Benchimol, um dos fundadores da XP Investimentos, na sede da corretora em São Paulo - Joel Silva/Folhapress

Com a precificação, a empresa estreia com valor de mercado de US$ 14,9 bilhões (R$ 61,82 bilhões), o que a coloca entre as 20 empresas brasileiras de capital aberto mais valiosas.

Os papéis da corretora serão negociados sob o código "XP". A oferta pública inicial da companhia é tanto primária quanto secundária, o que significa que parte do dinheiro captado irá para o caixa da empresa e outra parte para os acionistas vendedores.

Os principais sócios da companhia são os fundos Dynamo e General Atlantic, além de seu fundador Guilherme Benchimol (Marcelo Maisonnave, outro fundador, deixou a companhia em 2014) e o Itaú Unibanco. A XP Inc. continua detendo ações classe B (que possuem poder de voto dez vezes maior) e terá o equivalente a 56,2% do poder de voto.

Em relatório, o estrategista da Guide Investimentos, Luis Gustavo Pereira, afirmou que houve uma alta demanda pelos papéis da XP, perto de superar em dez vezes a oferta inicial.

Segundo ele, a expectativa é que o impacto da forte demanda pelas ações da corretora reflita, inclusive, em uma alta nos papéis do Itaú na Bolsa de Valores brasileira. A oferta pública da XP pode, segundo o analista, fazer com que o banco privado –que adquiriu 49,9% das ações da companhia por cerca de R$ 6 bilhões em maio de 2017– passe a ter uma participação de cerca de R$ 30 bilhões na corretora, valor próximo a 10% de seu valor de mercado.

O Itaú não venderá suas ações.

Esta é a segunda vez que o XP busca um IPO. Em 2017, a XP estava prestes a listar suas ações quando fechou o acordo com o Itaú Unibanco.

De acordo com o prospecto preliminar da companhia protocolado na SEC (órgão regulador do mercado nos Estados Unidos, equivalente à CVM no Brasil) em 2 de dezembro, foram ofertadas 72.510.641 ações classe A. Desse total, 42.553.192 são de oferta primária e as outras 29.957.449, em oferta secundária, pelos sócios executivos da corretora. 

Com um lote adicional, a oferta totaliza 83.387.237 papéis.

A companhia havia informado no prospecto que parte do dinheiro captado no mercado será usado para o funcionamento de sua instituição financeira, que recebeu o aval de funcionamento do Banco Central em setembro, e para expansão em outras áreas, como seguros e meios de pagamentos.

A oferta de ações da XP deve elevar a concorrência no setor bancário no Brasil, com os cinco principais bancos do país detendo 82% do total de ativos. A empresa usará os recursos para investir em marketing, contratação e novos serviços financeiros.

Dentre os riscos listados no documento, a XP havia identificado deficiências em seu controle interno sobre relatórios financeiros que, caso não resolvidas, poderiam dificultar a prevenção de fraudes da companhia e o cumprimento de comunicações obrigatórias, além de implicar em possíveis imprecisões em seus resultados operacionais.

Os bancos Goldman Sachs, o J.P. Morgan, o Morgan Stanley, o Itaú BBA, Citigroups, Credit Suisse, UBS e BofA Securities coordenaram a oferta.

Fundada em 2001 como consultora financeira independente, a XP tem mais de 1,5 milhão de clientes e R$ 350 bilhões sob custódia.

No início do ano, a XP anunciou que tem uma meta de alcançar R$ 1 trilhão de ativos sob custódia até o final de 2020. O lucro de janeiro a setembro foi de R$ 699 milhões.

Em janeiro de 2018, a PagSeguro levantou US$ 2,27 bilhões (R$ 7,4 bilhões, à cotação da época) em seu IPO na Bolsa de Nova York (Nyse). Foi a maior oferta inicial de ações de uma empresa brasileira no mercado americano.

Em seu IPO, a PagSeguro apresentava valor de mercado de US$ 8,97 bilhões e hoje a empresa vale US$ 9,1 bilhões (R$ 37,75 bilhões).

Em outubro, a processadora de cartões Stone captou US$ 1,5 bilhão (equivalente a R$ 5,6 bilhões à época) em seu IPO nos Estados Unidos. A empresa vale US$ 10,5 bilhões (R$ 43,56 bilhões).

O IPO da XP ocorreu durante um ambiente difícil para novas listagens nos Estados Unidos, com uma série de empresas grandes como Uber, Lyft e da fabricante de bicicletas ergométricas Peloton sofrendo com a estreia na Bolsa.

(Com Reuters)

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