Puxado por bancos, Ibovespa destoa do exterior e bate novo recorde

Principais Bolsas globais fecharam em queda por receio ao coronavírus chinês

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São Paulo

A Bolsa brasileira subiu 0,95% nesta quinta-feira (23), a 119.527 pontos, nova máxima histórica. A valorização do índice destoou do exterior, que teve mais uma sessão de quedas com o receio de investidores ao coronavírus chinês. O otimismo doméstico foi impulsionado por bancos, após avaliações favoráveis aos resultados do setor no quarto trimestre de 2019, que começam a ser divulgados na próxima semana. 

Gráfico das recentes flutuações dos índices de mercado na Bolsa de Valores de São Paulo
Ibovespa bate novo recorde nesta quinta (23) - Diego Padgurschi /Folhapress

Além do otimismo de analistas com o setor, as ações do Banco do Brasil dispararam 5,6%, a R$ 54,48, após reportagem do jornal Valor Econômico noticiar que a empresa está investindo em tecnologia, com parcerias com fintechs —uma das maiores ameaças aos bancos.

Já o Itaú teve alta de 2,3%, a R$ 34,50, e Santander, 2%, a R$ 44,70. As ações preferenciais (sem direito a voto) do Bradesco subiram 2,6%, a R$ 34,61, e as ordinárias (com direito a voto), 2,7%, a R$ 33,05.

O movimento também é o início da recuperação dos papéis dos bancos, que acumulam forte queda em 2020, enquanto o Ibovespa sobe 3,3%.

Investidores temem a maior competição no setor, com medidas do Banco Central (BC) como o desenvolvimento do pagamento instantâneo —pagamento em poucos segundos, inclusive fora do horário bancário, a um custo menor, o que eliminaria ganho dos bancos com DOC e TED. No entanto, segundo relatório do Santander divulgado nesta quinta, os bancos ainda devem apresentar fortes resultados, com expectativa de um quarto trimestre acima da média para 2019.

Segundo analistas do banco, no período, o Bradesco deve arrecadar R$ 6 bilhões, Banco do Brasil, R$ 5 bilhões, e Santander, R$ 3 bilhões. Além disso, o crescimento das instituições financeiras devem ficar entre 0% e 5%, com Bradesco se destacando na lista dos que mais crescem.

Como têm grande peso no Ibovespa, maior índice acionário do país, a alta dos bancos fez o índice saltar de uma queda de 1,25% pela manhã para fechar em alta de 0,95%. O volume negociado foi de R$ 25 bilhões, pouco acima da média diária para o ano.

Ainda contribuiu para a virada os comentários do presidente do BC, Roberto Campos Neto, ao Valor Econômico, de que a inflação mais alta de 2019 não influenciou a tendência de preços e que os núcleos dos índices têm permanecido relativamente estáveis, o que investidores viram como sinal de que a Selic (taxa básica de juros) deve ser reduzida a 4,25% ao ano em fevereiro.

A aversão a risco também foi reduzida porque, nesta quinta, o Comitê de Emergência da OMS (Organização Mundial da Saúde), após dois dias de reunião, afirmou que, por enquanto, não declarará emergência internacional de saúde pública quanto ao coronavírus chinês. 

A afirmação de que ainda não se trata de uma emergência internacional não significa, segundo especialistas da OMS, que a situação não seja séria. O surto ainda está em evolução e provavelmente não atingiu o ápice.

Até o momento, há 581 casos confirmados de contágio pelo vírus no mundo e 17 mortos. A maioria dos casos e todas as mortes ocorreram na China, mas também há infecções no Japão, Coreia do Sul, Singapura, Tailândia, Estados Unidos e Vietnã.

Na China, o índice chinês CSI 300, que reúne as Bolsas de Xangai e Shenzhen, caiu 3% devido a preocupação com o coronavírus. Na Europa, Londres recuou 0,8% e Frankfurt, 0,9%. Nos Estados Unidos,  Dow Jones e S&P 500 fecharam estáveis e Nasdaq teve leve alta de 0,2%.

O desempenho positivo do Ibovespa contaminou o dólar, que de R$ 4,191 durante o pregão, fechou a R$ 4,167, queda de 0,2%. O real foi a única moeda emergente que se valorizou na sessão em relação ao dólar.

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