Ecommerce só minimiza impacto da crise do coronavírus no varejo

Apesar da explosão das vendas online, maioria das empresas vê queda no lucro

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São Paulo

O salto do ecommerce durante a pandemia de coronavírus não tem se mostrado suficiente para sustentar os lucros das varejistas, que tiveram lojas fechadas e viram o fluxo de clientes cair.

No primeiro trimestre, a maior parte das empresas do setor teve queda no lucro líquido, apesar de um aumento no volume total de vendas.

As exceções foram B2W, que reduziu o prejuízo líquido em relação ao mesmo período do ano passado, e Via Varejo, que colheu frutos de uma reestruturação, revertendo o prejuízo anterior.

"Vendas físicas são muito importantes, o varejo online apenas minimiza o impacto no faturamento. Veremos o efeito da pandemia de forma ampla no segundo trimestre", diz Lucas Carvalho, analista da Toro Investimentos.

Nem Carrefour e GPA (Grupo Pão de Açúcar) escaparam. Ambas tiveram queda no lucro por um aumento nas despesas, apesar da alta nas vendas com a corrida aos supermercados na quarentena.

O GPA teve um prejuízo líquido de R$ 130 milhões no primeiro trimestre deste ano contra um lucro líquido de R$ 126 milhões em 2019. O Carrefour reportou lucro líquido de R$ 425 milhões (-15,8%).

Dentre as maiores quedas no lucro estão Riachuelo e Lojas Renner, que têm maior dependência das lojas físicas nas vendas, sendo mais afetadas com o fechamento comércio.

A Riachuelo teve prejuízo de R$ 47,5 milhões nos três primeiros meses do ano, ante lucro de R$ 29,3 milhões na comparação trimestral. A Renner viu o lucro cair 94% para R$ 10 milhões.

O Magazine Luiza, um dos líderes no ecommerce brasileiro, teve prejuízo de R$ 8 milhões, apesar do salto de 73% das vendas online no período, que passou a representar, pela primeira vez, a maior parte do total de vendas. Segundo a empresa, os custos em manter as lojas físicas seguem elevados, apesar de renegociação de aluguéis, por exemplo.

Outros fatores para a queda no lucro são o fortalecimento do caixa das companhias para enfrentar a crise econômica decorrente da pandemia de Covid-19 e o investimento para aprimorar a logística de entregas.

Nesse cenário, empresas voltadas apenas ao comércio online têm vantagem, como Mercado Livre, Amazon e B2W —que opera Submarino, Shoptime, Americanas.com.

Mercado Livre e Amazon, porém, tiveram queda no lucro, mesmo com crescimento nas vendas. A B2W teve um crescimento de 27,3% nas vendas no período e conseguiu reduzir o prejuízo líquido para R$ 108 milhões, ante R$ 139 milhões no primeiro trimestre de 2019.

Já a Via Varejo viu resultado na reestruturação de sua operação, que teve início em 2018 e foi intensificada com a troca no comando da empresa, com a volta da família Klein, fundadora da Casas Bahia, como acionista majoritária.

A empresa teve sucesso em compensar as lojas fechadas com as vendas online, incluindo vendas pelo WhatsApp.

"De início, 70% das nossas vendas desapareceram. Mas, rapidamente, a performance do ecommerce somada à iniciativa do vendedor online, começaram a compensar boa parte da queda de vendas", diz o balanço da companhia.

Com aumento de 45,7% nas vendas do ecommerce, a dona de Casas Bahia e Pontofrio e Extra.com.br teve lucro líquido de R$ 13 milhões, ante prejuízo de R$ 50 milhões no começo de 2019. A empresa estima que, sem o impacto da Covid-19, teria um lucro líquido de R$ 100 milhões no período.

"Tirando empresas com ecommerce forte, os foram resultados muito ruins. Renner decepcionou bastante, assim como todas do setor de vestuário, mas as empresas estão com boa posição de caixa e se fortalecendo", diz Jorge Junqueira, sócio da Gauss Capital.

Apesar dos números negativos, as varejistas apresentam forte valorização na Bolsa de Valores. Ao contrário da maior parte do mercado de ações, elas ostentam valores recorde em plena pandemia, como Amazon, Magazine Luiza, B2W e Mercado Livre.

"Na Bolsa só temos empresas boas, as líderes de cada setor, e as opções de investimento são escassas", diz Junqueira.

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