Lufthansa anuncia a demissão de 22 mil funcionários em todo o mundo

Número corresponde a 16% de sua força de trabalho global; metade dos cortes será na Alemanha

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Berlim | AFP

O impacto da pandemia de coronavírus continua a desestabilizar o setor da aviação: a número 1 europeia Lufthansa anunciou nesta quinta-feira (11) o corte de 22 mil empregos, ou 16% de sua força de trabalho global.

Atingida pela queda do tráfego aéreo mundial causada pela pandemia de coronavírus, a Lufthansa reduzirá fortemente sua folha de empregados, enquanto a retomada do transporte ocorrerá muito lentamente no mundo.

"Vamos ter 22 mil empregos a tempo integral a menos no grupo Lufthansa, metade dos quais na Alemanha", disse o grupo na quinta-feira.

A companhoa alemã garantiu, porém, que quer evitar, na medida do possível, demissões, graças a medidas de "desemprego parcial" e acordos com sindicatos.

Aviões da Lufthansa no aeroporto de Munique, na Alemanha - Christof Stache/AFP

A direção revisou suas próprias estimativas: no início de junho, o chefe da Lufthansa, Carsten Spohr, havia estimado em apenas 10.000 o número de funcionários em excesso.

A Lufthansa, que também é proprietária das europeias SWISS, Austrian, Brussel Airlines e Eurowings, possui 135.000 funcionários em todo o mundo.

Como na indústria da aviação como um todo, a pandemia de coronavírus teve um sério impacto nos negócios da Lufthansa.

No auge da crise, o grupo oferecia apenas 3% do número habitual de assentos em seus voos, propondo o mesmo número de conexões que na década de 1950.

Um total de 700 aviões, dos 763 de propriedade do grupo, foram aterrados no auge da pandemia, enquanto o número de passageiros caiu 98% em abril em um ano.

A crise custou à Lufthansa um prejuízo líquido sem precedentes de 2,1 bilhões de euros no primeiro trimestre de 2020.

Esses cortes de empregos fazem parte de um plano de reestruturação, anunciado no início de junho pela direção do grupo, e que causa polêmica no país.

Para evitar a falência, a Lufthansa recebeu 9 bilhões de euros em ajuda pública e créditos garantidos pelo Estado alemão, com uma entrada de Berlim no capital do grupo de até 20%. O Estado passou a ser o principal acionista do grupo, mas abriu mão de intervir na administração da empresa.

Assim, o governo agora é acusado de corresponsabilidade nos cortes na força de trabalho.

"Nove bilhões de euros para uma empresa que vale 4 bilhões (no mercado financeiro), sem ter voz nas decisões tomadas: quando a Lufthansa anuncia a redução de 22.000 empregos, o governo federal é responsável!", indignou-se no Twitter o líder do partido Die Linke (esquerda radical), Bernd Riexinger.

"Sem uma redução significativa nos custos com pessoal durante a crise, estragaremos a possibilidade de uma melhor retomada e correremos o risco de enfraquecer a Lufthansa", disse Michael Niggemann, chefe de recursos humanos do conselho executivo do grupo.

A pandemia tem diminuído na Europa, que começou a relaxar as medidas restritivas. Desta forma, as companhias aéreas estão lentamente retomando suas atividades.

Até setembro, a Lufthansa deseja atender 90% de seus destinos locais habituais e 70 de seus voos de longo curso.

A Lufthansa planeja manter 300 de seus aviões em terra em 2021 e 200 em 2022, um sinal de que antecipa uma lenta recuperação da demanda. O grupo também deve vender 100 aeronaves.

O grupo alemão não está sozinho: há várias semanas, todo o setor da aviação sofre.

A operadora de turismo alemã TUI anunciou em maio a redução de 10% de sua força de trabalho.

Muitas outras companhias anunciaram cortes de empregos, incluindo Air Canada (pelo menos 19.000 funcionários), British Airways (12.000 ou 30% da força de trabalho) ou a americana Delta (10.000), enquanto outras faliram.

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