Empresários do agronegócio aumentam pressão por demissão de Salles, mas Bolsonaro resiste

Movimento pela saída foi iniciado mês passado, motivado pelo receio dos setores econômicos em perder mercado

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Brasília

Em paralelo ao esforço da atual gestão de tentar reduzir o desgaste de imagem, empresários de frigoríficos e tradings e representantes da indústria têm pressionado o presidente Jair Bolsonaro a mudar o comando do Ministério do Meio Ambiente.

O movimento pela saída de Ricardo Salles foi iniciado no mês passado e é motivado pelo receio dos setores econômicos em perder mercado, sobretudo na União Europeia, por causa da imagem negativa do Brasil.

No mês passado, gestoras europeias de recursos no Brasil ameaçaram desinvestir no país caso o desmatamento na floresta amazônica não seja reduzido.

O presidente Jair Bolsonaro e o ministro Ricardo Salles, em evento em março, em São Paulo - Zanone Fraissat/Folhapress

Em conversa relatada à Folha, no entanto, mesmo diante das pressões interna e externa, o presidente disse na última semana a um grupo de ministros que não pretende retirar Salles da pasta.

Ele salientou que o auxiliar conta com apoio na bancada ruralista e que a imagem negativa se deve a uma tentativa de nações estrangeiras de tutelar o país.

Hoje, o setor ruralista está dividido.

Se dirigentes de frigoríficos e tradings têm pressionado pela saída de Salles, agricultores e sucroalcooleiros pregam a sua permanência no posto sob o argumento de que ele tem feito mudanças importantes na legislação atual.

Segundo auxiliares do Palácio do Planalto, o movimento de frigoríficos e tradings tem apoio e é estimulado dentro do próprio Ministério da Agricultura por aliados da ministra Tereza Cristina.

Eles defendem que o Meio Ambiente deixe de ser um ministério e passe a ser incorporado pela pasta.

Em um encontro recente com Bolsonaro, um industrial paulista chegou também a defender que Meio Ambiente seja dividido.

Ele pregou, segundo relato de um assessor presente, que a gestão da floresta amazônica fique a cargo do vice-presidente, Hamilton Mourão. Para ele, o restante deve ser incorporado pela Agricultura.

A cúpula militar chegou a endossar o movimento de mudança, mas recuou na passada semana após a sinalização do presidente de que não pretende fazer alterações no Meio Ambiente.

Nas redes sociais, generais palacianos manifestaram apoio a Salles.

"Parte da imprensa fica maldosamente e de forma vil imputando a mim uma sórdida campanha contra nosso ministro Ricardo Salles", escreveu o ministro e general Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo). "Quero reafirmar meu total apoio e apreço ao competente e dedicado ministro do Meio Ambiente."

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