Minerva Foods lança fundo de R$ 32 milhões para conceder crédito a clientes

Empréstimos terão juros de 5% ao ano e prazo de 24 meses para pagamento

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São Paulo

A Minerva Foods, terceira maior indústria de carne bovina do país, lançou nesta quarta-feira (15) um fundo de R$ 32 milhões para auxiliar pequenas e médias empresas que sejam clientes da companhia.

O fundo, que foi estruturado pelo BTG Pactual, é um FIDC (Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios) e toda a quantia veio inteiramente do caixa da Minerva Foods, que é a única cotista da carteira.

Inicialmente, os empréstimos serão feitos para 1.200 clientes da companhia. O crédito cedido será de até R$ 30 mil por empresa, com juros em torno de 5% ao ano (0,4% ao mês), um ano de carência e mais 12 parcelas iguais de pagamento.

Recursos do fundo são completamente advindos do caixa da Minerva Foods e serão direcionados para os pequenos e médios negócios que sejam clientes da companhia
Recursos do fundo são completamente advindos do caixa da Minerva Foods e serão direcionados para os pequenos e médios negócios que sejam clientes da companhia - Gabriel Cabral - 22.ago.2019/Folhapress

Segundo o diretor financeiro da Minerva Foods, Edison Ticle, o fundo surgiu em função da crise advinda da pandemia do coronavírus e pela dificuldade de acesso ao crédito dos pequenos e médios clientes da companhia.

“A despeito das medidas do governo feitas para destravar o crédito, muitos clientes pequenos e médios afirmaram que o dinheiro não estava chegando e que teriam problema de capital de giro. Nós já tínhamos ampliado o limite de crédito e o prazo de pagamento em março, mas não foi suficiente”, afirmou.

Segundo o executivo, os empréstimos serão livres –ou seja, os tomadores poderão direcionar o dinheiro recebido para onde for mais conveniente.

“Os clientes que tomarem esse crédito não precisarão necessariamente usar esses recursos para comprar nossos produtos. É uma injeção de recursos para que eles possam sobreviver a passar pelo momento de pandemia”, disse Ticle.

Acesso a crédito

Os pequenos e médios empresários do país já vinham reclamando da dificuldade no acesso ao crédito desde o início da pandemia, em março. Conforme noticiado pela Folha no início deste mês, por exemplo, menos de 20% dos recursos anunciados em programas de financiamento lançados ou regulamentados pelo governo foram desembolsados até agora.

O Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte), lançado em meados de junho e que recebeu R$ 15,9 bilhões em recursos para serem concedidos foi o único programa a ter superado a expectativa de demanda do governo: em pouco mais de um mês, mais de 90% do total disponibilizado já havia sido emprestado.

Segundo Ticle, os 1.200 clientes já foram informados por meio de um email sobre a disponibilidade da linha e terão uma semana para manifestar seu interesse no crédito.

A depender do total de empresas que optar por não tomar esses recursos emprestados, a oferta de crédito pode ser estendida a mais 800 clientes, até que o montante alocado no fundo seja completamente concedido. Todo o processo será feito de maneira digital.

“Acreditamos que essa primeira leva [de 1.200 clientes] deve ter um saque ao redor de 70% dos recursos do fundo. Com o restante, passamos para a segunda leva, totalizando 2.000 clientes que receberam a oferta de recursos. Não vamos deixar dinheiro parado no fundo. Se os recursos acabarem e a demanda continuar, inclusive, podemos até estudar fazer novos aportes”, disse o diretor.

A expectativa também é que a inadimplência do fundo acompanhe o mesmo nível visto nas operações comerciais da Minerva Foods. Segundo Ticle, o volume de calotes de até 30 dias corresponde a apenas 0,2% da carteira total da empresa.

O novo fundo da Minerva Foods em parceria com o BTG Pactual vem na esteira da maior demanda de pequenos e médios empresários por fontes alternativas de recursos no sistema financeiro diante da dificuldade no acesso ao crédito.

Movimento semelhante foi feito pelo Estímulo 2020, fundo privado idealizado por Eduardo Mufarej que, junto a outros empresários, captou R$ 130 milhões para direcionar a pequenos e médios negócios afetados pela pandemia.

"A pandemia de Covid-19 impôs muitos desafios aos pequenos e médios negócios e temos um papel relevante na manutenção da cadeia. É importante somar esforços e apoiar nossos clientes com essa iniciativa. Responsabilidade social é uma prioridade", diz Ticle.

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