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Clemente Ganz Lúcio

Pandemia exige duas parcelas adicionais do seguro-desemprego

Desocupação subirá, e o desalento ganhará terreno, situações que levarão à desestruturação econômica das famílias

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Clemente Ganz Lúcio

Sociólogo, foi diretor-técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) entre 2004 e 2019

Os conselheiros das centrais sindicais no Codefat (Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador) apresentaram proposta para a extensão do seguro-desemprego em duas parcelas, em caráter excepcional, para demitidos no período de marco até 31 de dezembro, ou seja, durante o estado de calamidade pública. Caberá agora ao conselho deliberar sobre essa proposta.

As estimativas feitas pelo Dieese indicam que essa medida atenderia 6 milhões de trabalhadores e teria custo de R$ 16 bilhões, considerando uma média de 1,27 salário mínimo por parcela.

O desemprego já vinha atormentando a vida do trabalhador desde 2015, quando voltou a aumentar, atingindo, em 2017, 13 milhões de pessoas. O baixo crescimento e o desempenho anêmico da economia geravam poucos postos de trabalho, na maioria precárias e informais.

A crise da Covid-19 tornou ainda mais dramático o problema do desemprego.

A proteção social promovida pelo auxílio emergencial de R$ 600 amparou 70 milhões de trabalhadores da economia informal.

A política de proteção dos salários, suspensão do trabalho ou redução da jornada protegeu outros 15 milhões. Mas essas medidas acabam em dezembro.

O que se observa hoje é que milhares de micro, pequenas e médias empresas já faliram ou fecharam, e esse movimento vai continuar. Nas últimas semanas, começam a ser anunciadas por médias e grandes empresas planos de reestruturação com impactos sobre o emprego. O desemprego vem a galope.

Entre os trabalhadores que estão na inatividade, o IBGE estima que 27 milhões de pessoas gostariam de trabalhar, das quais 17 milhões não o fazem devido ao distanciamento ou porque não encontrariam ocupação na localidade onde moram.

O desemprego começa a aumentar porque, ao voltar ao mercado, o trabalhador afastado passa a encontrar uma vaga fechada; ou o fim ou a redução do auxílio pressionará o trabalhador a procurar um emprego inexistente; ou o empregado será informado da sua demissão.

Dessa forma, o desemprego subirá, e o desalento ganhará terreno, situações que levarão à desestruturação econômica das famílias.

Há um potencial deslocamento para a procura de trabalho que poderá elevar a taxa de desemprego para acima de 20%. Isso coloca como primeira prioridade para o movimento sindical proteger o emprego das pessoas, os desempregados e os desocupados, a renda das famílias, a demanda das empresas e a receita fiscal.

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