Descrição de chapéu Financial Times

Apesar de desaceleração no ano, PIB da China tem reviravolta no último trimestre

Recuperação é impulsionada pela indústria

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Thomas Hale Sun Yu
Hong Kong e Pequim | Financial Times

O PIB (Produto Interno Bruto) da China cresceu em 6,5% no quarto trimestre de 2020, ritmo superior ao que vinha mantendo antes da pandemia do coronavírus, e superior por boa margem ao desempenho previsto para outros países grandes.

O crescimento anualizado do PIB no trimestre final do ano superou as expectativas, de acordo com dados oficiais divulgados na segunda-feira (18), e a economia da China cresceu em 2,3% ao longo do ano, com a produção industrial continuando a impulsionar a recuperação do país.

Os novos dados mostram uma rápida reviravolta para a segunda maior economia do planeta, que no começo de 2020 passou por uma contração, pela primeira vez em mais de quatro décadas, depois que as autoridades impuseram medidas amplas de lockdown para conter o surto inicial da pandemia.

No quarto trimestre, o crescimento ante o período em 2019 foi o mais alto de qualquer trimestre desde 2018, e a China será a única das grandes economias do planeta a não ter sofrido contração em 2020.

Mas o crescimento positivo do PIB anual, embora superior aos dos países comparáveis, continuará a ter sido o mais fraco da China em 40 anos, devido à contração do início do ano.

O índice CSI 300, o referencial das bolsas de valores chinesas de Xangai e Shenzhen, subiu em 1,1%, depois da divulgação dos dados, quanto os mercados de ações do restante da região Ásia-Pacífico caíam.

Ning Jizhe, diretor do Serviço Nacional de Estatísticas chinês, disse que a economia havia “se recuperado firmemente” no ano passado, mas acautelou que “a dinâmica mutável da pandemia e do ambiente externo representam uma multidão de incertezas”, e que “a fundação da recuperação econômica ainda precisa ser consolidada”.

Um homem desinfeta as ruas de do distrito de Gaocheng, uma das áreas de alto risco para Covid-19 em Shijiazhuang, na província de Hebei, no norte da China - 15.jan.2021/AFP

A recuperação da China depois da Covid-19 foi impulsionada por uma produção industrial mais alta, que se beneficiou de apoio estatal e cresceu em 7,1% no quarto trimestre, comparada a 5,8% no trimestre precedente.

As vendas do varejo, um indicador do apetite dos consumidores, ficaram defasadas com relação ao setor industrial, crescendo em 4,6% no quarto trimestre. O indicador de dezembro, que foi também de 4,6%, ficou abaixo do crescimento de 5% registrado ante o período em 2019 no mês de novembro, e ficou abaixo das expectativas.

O consumo vem sendo um ponto fraco na recuperação da China e coincide com a menor inflação em mais de uma década, mas muitos especialistas antecipam que haja recuperação este ano.

Economistas do Credit Suisse atualizaram suas projeções para o crescimento da China em 2021 para 7,1%, ante 5,6%, apontando para o consumo como o principal propulsor do crescimento.

Os números do PIB foram divulgados dias depois que a China registrou o maior superávit comercial de sua história, em dezembro, com a ajuda de três meses de crescimento de dois dígitos nas exportações. As exportações, que foram impulsionadas pela demanda por equipamentos médicos e de produtos relacionados ao lockdown, subiram em 18% no mês passado, comparadas ao mesmo período no ano anterior.

Os dados vêm se somar a uma série de indicadores que indicam um boom na economia chinesa. Este mês, o yuan superou a cotação de 6,50 yuan por dólar pela primeira vez desde 2018, e os mercados de ações chineses atingiram sua marca mais elevada desde a crise financeira mundial.

Em setembro, as importações da China atingiram o seu valor mais elevado em termos de dólares. O boom industrial do país gerou demanda alta por commodities, com as importações de minério de ferro subindo em 9,5%, para um total de 1,17 bilhão de toneladas, em 2020.

“O motor da economia da China parece estar funcionando muito bem”, disse Eswar Prasad, especialista em finanças chinesas na Universidade Cornell, que acrescentou que o país estava “deixando as outras grandes economias na poeira”.

O retorno da China ao crescimento no ano passado gerou forte apetite nos investidores internacionais, que canalizaram cerca de um trilhão de yuan (R$ 813,2 bilhões) para ações e títulos chineses por meio de programas de investimento em Hong Kong em 2020.

Chaoping Zhu, estrategista mundial de mercado na JPMorgan Asset Management, calculou que a atividade econômica interna “deve crescer em 2020”, devido ao maior empuxo fornecido pela recuperação mundial.

“Especialmente no primeiro trimestre de 2021, antecipamos ver fortes números de crescimento, à medida que as medidas cada vez mais fortes de controle da pandemia começarem a fazer efeito”, ele disse.

Os número de novos casos de Covid-19 no país tiveram forte queda na metade de 2020, mas um surto recente na província de Hebei, na região norte do país, levou à adoção de novos lockdowns. Na semana passada, o país registrou sua primeira morte pelo coronavírus desde abril.

O desemprego estava em 5,2% em dezembro, inalterado ante o mês anterior. O investimento em ativos fixos cresceu em 2,9% ao longo do ano como um todo, e o investimento em imóveis subiu em 7%.

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