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Governo vai comprar a quantidade de vacina contra Covid que tiver, diz presidente da Fiesp

De acordo com Paulo Skaf, que participou de reunião com o governo, não haverá excedente para setor privado

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Brasília

O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, afirmou que o governo irá comprar todas as vacinas que forem autorizadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

"Tudo aquilo que tiver [de vacinas], o governo vai comprar. Não tem excedente de vacina. Não tem onde comprar. Esse é o ponto que as pessoas não estão entendendo”, disse.

Segundo Skaf, não há no mercado uma abundância de oferta de vacina, que, segundo ele, se tornou o "business do momento".

Homem branco de terno sorri
O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, afirmou que o governo irá comprar todas as vacinas que forem autorizadas pela Anvisa e criticou o uso do imunizante como negócio - Mathilde Missioneiro - 3.mar.2020/Folhapress

Na reunião da qual o senhor participou, representantes do governo disseram que empresas não poderão comprar vacinas? Tivemos uma reunião ontem com o governo, foi dito isto e até dá para se entender a razão. O governo está com recurso disponível e todas as vacinas que forem aprovadas pela Anvisa, a quantidade que tiver disponível, ele vai comprar para distribuição gratuita. Essa campanha de vacinação é feita, como todas as outras, pelo governo federal através do Ministério da Saúde.

Como qualquer sobra de vacina que houver, o próprio governo disse que vai adquirir, então, nem haveria condição de as empresas comprarem. É bastante democrático isso, senão seria um leilão. Chega aí, aprova uma vacina e vai lá, uma empresa paga mais, outra paga menos. O plano está centralizado. Essa é a questão.

No nosso caso, o Brasil tem um bom conhecimento de campanha de vacinação, as partes logística, operacional, em que nós somos muito experientes nisso. Na parte de vacinas, temos tanto o Butantan quanto a Fiocruz, excelentes institutos, e mais algumas indústrias privadas que estão entrando também na produção de vacina. Produzimos seringa, agulhas, somos um dos grandes produtores mundiais. Então, na verdade, o que está faltando é só ter a vacina com a qualidade necessária.

Nesta reunião, representantes do governo anunciaram uma possível data de início da vacinação? O governo nos afirmou que vai iniciar a vacinação partir do final deste mês, e que a produção vai embalar, vai pegar ritmo, a partir de março, com 20 a 30 milhões de doses por mês. Acho, sinceramente, pelo que estou sentindo, pelo número de vacinas que nós estamos vendo surgir para tudo que é lado, ser bem possível, e se Deus quiser, já comece a ter uma oferta muito significativa de vacinas a partir de março, não só com essa produção que nós temos, mas também de outras. Acho que vai aumentar bastante a oferta. As coisas estão no caminho.

Em live na semana passada, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, havia dito que a prioridade das vacinas seria para o SUS (Sistema Único de Saúde) e que o excedente poderia ser aplicado pelas empresas, que elas poderiam complementar a imunização. O que mudou da semana passada para cá? Nesta reunião, o governo proibiu as empresas de importarem vacinas ou vocês podem comprá-las em clínicas privadas? Não pode importar vacinas. O que ficou claro na reunião é que toda vacina que for aprovada pela Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária], o governo vai comprar a quantidade de vacina que tiver e vai fazer uma distribuição gratuita e democrática pelo país, não tendo interesse se é para a indústria, comércio, bar, para o cara da padaria, para mulher, homem. Naturalmente, haverá uma prioridade para grupos de risco, como pessoas com mais de 60 anos. Enfim, vai ter uma ordem técnica, científica e médica.

Não tem excedente de vacina. Não tem onde comprar. Esse é o ponto que as pessoas não estão entendendo. Se tivéssemos uma demanda de 100 milhões de doses e 300 milhões de doses em oferta, você poderia comprar vacina.

Agora, se você tem 300 milhões na procura e, por exemplo, apenas 50 estão oferecendo, não há excedente. Na verdade, não tem essa fartura de vacinas, e tudo aquilo que tiver o governo vai comprar.

Agora, em um outro momento, passado o incêndio, o bombardeio, depois que a gente respirar, é um outro momento, e eu não sei como vai ficar isso. Agora, nesse momento, tudo o que tiver de vacina o governo vai comprar, o que me parece uma coisa bastante razoável.

Representantes de clínicas privadas estiveram na Índia na semana passada para negociar a compra de cinco milhões de doses de vacinas. Caso essa vacina indiana seja aprovada em definitivo pela Anvisa, essa quantidade irá ser distribuída para clínicas privadas. O governo comentou sobre isso na reunião? Isso já virou negócio. Vou entrar em contato com esses representantes para entender melhor, vou pedir que venham até a Fiesp. Mas aí já se começa a falar em clínica, serviço de aplicação, ninguém sabe quanto vai custar cada um.

Se tem cinco milhões de doses, eles que cedam para o governo e o governo compra. Se essa vacina for aprovada pela Anvisa, o governo compra. Agora, se não for aprovada pela Anvisa, nem o governo nem ninguém pode comprar. Começa um business aí. O business do momento é a vacina.

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