Descrição de chapéu Financial Times

BlackRock intensifica esforços para proteger meio ambiente

Maior gestor de ativos do mundo votará contra diretores de companhias ineficientes no cuidado aos recursos naturais

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Chris Flood
Londres | Financial Times

A BlackRock pretende pressionar as empresas a intensificar seus esforços para proteger o meio ambiente do desflorestamento, da perda de biodiversidade e da poluição dos oceanos e recursos hídricos.

Em diretrizes publicadas na quinta-feira (18), o maior gestor de ativos do mundo disse que está pronto para votar contra a reeleição de diretores se as companhias não administrarem com eficácia ou revelarem riscos ligados à destruição do "capital natural", o estoque mundial de recursos naturais. Ela também poderá votar a favor de propostas de acionistas que salientam os riscos para o capital natural.

Vista aérea de São Paulo a partir do Pico do Jaraguá, zona norte da capital paulista - Eduardo Knapp-22.jan.21/Folhapress

Sandy Boss, diretora global de investimentos na BlackRock, disse que o uso dos recursos naturais e os riscos de mudança climática estão profundamente interligados. "O mundo não alcançará os objetivos do Acordo de Paris, quanto menos a aspiração a atingir zero de emissões líquidas até 2050, sem conter o desmatamento e acelerar as iniciativas de proteção e reflorestamento", disse Boss.

Mais da metade da produção anual gerada por toda a economia global é moderada ou altamente dependente da natureza, segundo o Fórum Econômico Mundial. No entanto, o desflorestamento e as queimadas ilegais se expandiram por grande parte da Amazônia, África e Sudeste Asiático.

Em outubro, a BlackRock apoiou uma resolução de acionistas da Procter & Gamble que pedia que a produtora de produtos ao consumidor relatasse seus esforços para reduzir a degradação das florestas devido à expansão da produção de óleo de palma.

"Esperamos que as empresas implementem processos para identificar, administrar e mitigar aspectos adversos sobre o meio ambiente, e forneçam divulgações robustas", disse Boss.

Larry Fink, chefe da BlackRock, tornou-se um dos mais proeminentes apoiadores do investimento sustentável no setor. Em cartas enviadas anualmente a outros executivos-chefes, Fink pediu que os líderes empresariais adotem padrões ambientais, sociais e de governança (ESG na sigla em inglês) mais rigorosos para melhorar os retornos dos acionistas.

Os críticos, entretanto, afirmam que a BlackRock não usou efetivamente sua imensa influência, em especial ao exercer seu poder de voto sobre questões sensíveis de ESG.

Moira Birss, diretora de clima e finanças na instituição beneficente Amazon Watch, disse que as palavras da BlackRock foram "inúteis" na ausência de consequências significativas para as companhias que não estão abordando questões ambientais. "A BlackRock deve adotar uma política definitiva de não desflorestamento e de direitos humanos com claros mecanismos de prestação de contas que resultem em melhorias concretas para as comunidades, os ecossistemas e o planeta", disse Birss.

A BlackRock também pretende endurecer sua avaliação dos pagamentos a executivos, tema que deverá provocar polêmica nas reuniões de acionistas neste ano, devido à perda de empregos e ao aumento das desigualdades criados pela pandemia do coronavírus.

A BlackRock disse na quinta-feira que pedirá aos conselhos que expliquem como os pacotes de remuneração de executivos se relacionam aos interesses das partes interessadas, incluindo empregados, fornecedores e as comunidades em que as companhias operam.

Preocupações sobre o pagamento de executivos na Ocado, o fornecedor de alimentos online do Reino Unido, levaram a BlackRock a votar no ano passado contra a reeleição de três diretores e o relatório de remuneração.

A pandemia também causou queixas de que os trabalhadores em setores como processamento de alimentos e transporte foram expostos a maiores riscos de infecção, que os patrões ignoraram ou rejeitaram.

Boss disse que a BlackRock espera que as companhias tomem medidas para atenuar os riscos aos funcionários que possam derivar de suas práticas empresariais.

A BlackRock votou em janeiro contra a reeleição da diretoria da Top Glove, fabricante de luvas de borracha na Malásia. Um quarto da força de trabalho da empresa se infectou com o coronavírus depois que alguns empregados foram obrigados a viver e trabalhar em instalações inadequadas.

Traduzido originalmente do inglês por Luiz Roberto M. Gonçalves

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