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Conselho confirma Silva e Luna na presidência da Petrobras e nenhuma mulher na diretoria

Empresa terá primeira direção apenas com homens desde 2007

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Rio de Janeiro

Nomeado oficialmente presidente da Petrobras nesta sexta (16), o general Joaquim Silva e Luna formou a primeira diretoria da estatal sem a presença de mulheres desde 2007, quando Graça Foster foi nomeada a primeira mulher a ocupar um cargo na direção na história da companhia.

Silva e Luna indicou quatro novos diretores, em substituição aos executivos que decidiram deixar a empresa com Castello Branco. Os nomes também foram aprovados pelo conselho de administração nesta sexta.

Outros quatro diretores da gestão anterior aceitaram o convite para permanecer nos cargos. Um nono executivo chegará depois, para assumir a diretoria de Governança e Conformidade.

Para as vagas abertas na direção, foram nomeados apenas funcionários de carreira da Petrobras, escolhidos pelo general durante o processo de transição, que vem sendo realizado em reuniões presenciais.

Silva e Luna escolheu Rodrigo Araujo Alves para a diretoria Financeira, Cláudio Mastella para a diretoria de Comercialização e Logística, Fernando Borges para a diretoria de Exploração e Produção e João Henrique Rittershaussen para a diretoria de Desenvolvimento da Produção.

Da gestão Castello Branco, foram reconduzidos os diretores de Transformação Digital e Inovação, Nicolás Simone, de Relacionamento Institucional de Sustentabilidade, Roberto Ardenghy, e de Refino e Gás Natural, Rodrigo Silva.

Este último assumiu o cargo em janeiro de 2021, após a aposentadoria de Anelise Lara. Com a saída de Lara, a ex-diretora Financeira Andréa de Almeida, uma das que entregou o cargo após a demissão de Castello Branco, era a última mulher remanescente na diretoria.

Em comunicado anunciando os novos executivos, a Petrobras agradeceu àqueles que estão deixando a companhia. O texto lembra que Almeida foi "grande patrocinadora do Plano de Equidade de Gênero, participando ativamente do Programa de Mentoria para Liderança Feminina".

A presença de mulheres na diretoria da Petrobras foi inaugurada em novembro de 2007, quando Foster assumiu a área de Gás e Energia em cerimônia com a presença da então ministra de Políticas para Mulheres, Nilcéia Freire.

"A grande diferença é que, antes, mulher não podia ser engenharia na Petrobras, exatamente por ser mulher, e agora uma mulher chega pela primeira vez à diretoria da Petrobras por competência e méritos próprios", disse a ex-ministra na cerimônia.

Foster depois foi promovida a presidente da companhia durante o governo Dilma Rousseff. Nas gestões posteriores, de Aldemir Bendine, Pedro Parente, Ivan Monteiro e Roberto Castello Branco, sempre houve ao menos uma mulher no grupo de diretores.

O conselho de administração da empresa tem três mulheres, duas indicadas pelo governo —a administradora Sonia Villalobos e a engenheira Cynthia Silveira— e uma pelos trabalhadores, a geóloga Rosângela Buzanelli.

Na reunião desta sexta, o conselheiro eleito Marcelo Gasparino renunciou ao cargo, como já havia anunciado, como parte de uma estratégia para tentar forçar a realização de nova eleição para o conselho —os minoritários tentam avançar sobre vagas da União no colegiado para limitar a possibilidade de ingerência política na empresa.

Em nota, a Petrobras diz entender, porém, que a convocação de nova assembleia para eleger o conselho só é obrigatória em caso de destitução, e não de renúncia. Segundo a empresa, sua vaga poderá ser preenchida por substituto indicado pelo próprio conselho.

Desde que teve sua nomeação aprovada pelo conselho, Silva e Luna e sua equipe de transição vêm trabalhando de forma presencial, ao contrário de Castello Branco, que estava em home office desde o início da pandemia.

Segundo fontes, ele deixou o alto escalão da companhia à vontade para decidir de onde trabalhar até que a empresa decida se vai estender o período de home office, que está previsto para terminar em maio. Sua primeira reunião de diretoria deve ocorrer na semana que vem.

A adoção do home office e o elevado salário foram usados por Bolsonaro como justificativas para a demissão de Castello Branco, anunciada em fevereiro, em meio à escalada dos preços dos combustíveis do início do ano.

"Alguém sabe quanto ganha o presidente da Petrobras? R$ 50 mil por semana? É mais do que isso por semana", afirmou o presidente, três dias após anunciar a mudança. "E para ficar em casa, trabalhando de casa. No meu entender, não justifica", continuou, na ocasião.

A assembleia que aprovou a nomeação de Silva e Luna ao conselho foi precedida por uma disputa judicial com sindicatos e terminou com questionamentos de minoritários sobre a contagem dos votos depositados à distância por fundos estrangeiros.

Os sindicatos de trabalhadores da empresa tentaram suspender mudanças no plano de saúde e, consequentemente, o pagamento de dividendos aos acionistas pelo lucro de 2020, inflado pelas alterações no benefício.

Já os minoritários, que tentavam avançar sobre vagas do governo no conselho, dizem que o modelo de votação é distorcido e prometem nova ofensiva, com a renúncia do único representante eleito para forçar nova eleição.

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