A Justiça do Rio Grande do Sul aceitou o pedido do grupo Educação Metodista e concedeu uma liminar (decisão provisória) que garante proteção judicial para que a instituição possa preparar um plano de recuperação.
Enfrentando uma série de dificuldades financeiras desde 2015, a instituição deu entrada no pedido de medida cautelar na última sexta-feira (9). Nesta quarta-feira (14), o juiz Gilberto Schäfer, da 2ª Vara Empresarial do TJ-RS (Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul) , deferiu o pedido.
Segundo a Metodista, a partir desta decisão judicial, o grupo de ensino deve apresentar o pedido de recuperação judicial no prazo de 30 dias.
“Com o deferimento da cautelar, a Educação Metodista ganha fôlego e liquidez para conservar sua capacidade de operação, uma vez que as ações e execuções ficam suspensas. Neste momento, também têm início as negociações com os credores para a elaboração do plano de reestruturação do grupo de ensino”, informou a empresa.
A instituição afirma que não há planos de fechar unidades, que as perspectivas de recuperação são boas e que o processo vai garantir que as atividades de ensino não sejam interrompidas por ações isoladas de alguns credores.
“É uma grande vitória para a Educação Metodista, que poderá organizar suas dívidas, negociar e pagar todos os seus credores e ainda ressurgir, como uma nova administração, para continuar oferecendo empregos e bancos escolares a toda a sociedade”, afirma Luiz Roberto Ayoub, sócio do Galdino & Coelho Advogados, escritório que está à frente do processo.
A Educação Metodista iniciou suas atividades no Brasil em 1881. Atualmente, possui 19 mil alunos e 3.000 funcionários, sendo 1.200 docentes, distribuídos em 11 colégios e 6 instituições de ensino superior em três estados (Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais).
A empresa possui uma dívida de R$ 500 milhões, sendo que 60% do valor se refere ao passivo trabalhista e o restante a bancos e fornecedores. No último ano, houve corte de 1.300 funcionários. Desde 2017, o número de alunos foi reduzido em 60%, com a consequente perda de receita.
Os problemas financeiros tiveram início com a mudança nas regras do Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) e se acentuaram com o cenário econômico de recessão dos últimos anos. A pandemia de Covid-19 agravou a situação, segundo a empresa.
“O grupo educacional adotou todas as medidas possíveis para reduzir perdas e preservar escolas e instituições de ensino superior. Neste sentido, a Educação Metodista optou pela recuperação judicial a fim de manter suas atividades acadêmicas”, diz a empresa.
O plano deve incluir a venda de ativos que não estejam ligados à operação educacional e foco nos negócios no RS, embora a estratégia da recuperação possa alavancar impulsionar também as atividades em São Paulo, que responde por uma parte importante da operação.
RAIO-X
Educação Metodista
Início das atividades no Brasil: 1881
Funcionários: 3.000, sendo 1.200 docentes
Alunos: 19 mil
Rede de ensino: 11 colégios e 6 instituições de ensino superior
Regiões em que atua: Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais
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