A startup Delfos, sediada em Fortaleza (CE), captou R$ 5 milhões para expandir sua tecnologia que usa inteligência artificial para prevenir falhas em sistemas de geração de energia renovável.
A maior parte dos recursos veio da gestora de investimentos em startups Domo Invest. Também participam do investimento o EDP Ventures, fundo da multinacional portuguesa do setor de energia, e os fundos BMG Uptech e Bossa Nova.
O sistema vem sendo desenvolvido desde o final de 2016. Guilherme Studart, fundador e presidente da empresa, diz que a startup capta as informações dos sensores presentes em turbinas eólicas ou painéis solares, por exemplo, e os analisa constantemente para prever falhas.
Nessa análise, são considerados fatores como temperatura, pressão e vibração. O sistema da startup é baseado em aprendizado de máquina, ou seja, tende a se tornar mais preciso conforme é mais usado e consegue capturar um volume maior de padrões de funcionamento que podem identificar problemas de funcionamento futuros.
Segundo o empresário, a maior parte dos equipamentos modernos para o setor já conta com sensores, mas a análise das informações colhidas por eles depende de interação humana.
Studart diz que a inspiração para o negócio veio da observação da indústria aeronáutica. Seu sócio, Samuel Lima, comparou os dois setores e se deu conta de que, enquanto na aviação a manutenção é preditiva, o setor de geração de energia tendia a reagir só após problemas aparecerem.
A relação com a EDP começou ainda em 2016, quando a Delfos venceu concurso de ideias internacional da multinacional e recebeu prêmio de 50 mil euros (cerca de R$ 335 mil no câmbio atual) para iniciar o projeto, ainda sem transferir ações para a companhia portuguesa.
Em 2018, a startup teve seu primeiro investimento, de R$ 1,5 milhão, com a maior parte dos recursos oriundos do braço de capital de risco da EDP.
Studart diz que a startup monitora atualmente 1.500 equipamentos de grande porte, em usinas eólicas, hidrelétricas e solares.
Um dos próximos objetivos da empresa é passar a atuar internacionalmente, com usinas eólicas em alto-mar.
Apesar de ter investimento da EDP Ventures, a Delfos também atende outras empresas de energia no Brasil, entre elas Votorantim Energia, CPFL e Omega Energia.
Rosario Cannata, gestor de investimentos da EDP Ventures Brasil, diz que o mercado em que a Delfos está é marcado pela presença de grandes empresas estrangeiras, com tecnologias caras para o cliente e que permitem pouca personalização.
O executivo diz acreditar que a tecnologia brasileira tem potencial para ser competitiva neste segmento.
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