Descrição de chapéu Financial Times

Ativistas do clima comemoram vitórias pioneiras contra Exxon e Shell

Acionistas da companhia americana apoiam investidor ativista, enquanto tribunal ordena que Shell corte emissões de carbono

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Derek Brower Anjli Raval
Londres | Financial Times

As grandes empresas de petróleo sofreram uma reação climática depois que um tribunal ordenou que a Royal Dutch Shell corte de forma agressiva as emissões de carbono e os acionistas da ExxonMobil apoiaram um investidor ativista que disse que a superempresa enfrentava "risco existencial" por seu foco nos combustíveis fósseis.

As duas medidas surgem enquanto os governos globais aceleram planos para descarbonizar suas economias em busca das metas de zero emissões líquidas e as companhias internacionais de petróleo tentam navegar uma transição incerta para combustíveis mais limpos, apesar da demanda ainda robusta pelos lucrativos hidrocarbonetos que elas produzem.

Nos Países Baixos, um tribunal distrital em Haia decidiu a favor de ecologistas que contestavam a Shell, dizendo que a produtora de petróleo anglo-holandesa precisava reduzir suas emissões em 45% até 2030 em relação aos níveis de 2019, um ritmo muito mais rápido do que a companhia tinha planejado.

Logo da Shell em um posto de combustíveis em, Londres - Ben Stansall - 30.jan.2018/AFP

Do outro lado do Atlântico, acionistas da Exxon desafiaram a direção da companhia para eleger pelo menos dois novos membros do conselho administrativo propostos pelo Engine Nº 1, um pequeno fundo hedge que lançou uma campanha ativista em dezembro.

Além disso, uma grande maioria de acionistas da Chevron votaram a favor de uma resolução pedindo que a supercompanhia americana "reduza substancialmente" suas emissões âmbito 3, ou as dos produtos que ela produz. A companhia disse que "consideraria cuidadosamente" o resultado.

Os ecologistas celebraram o dia como um momento pioneiro na história da indústria do petróleo, enquanto a urgência da crise climática chega às portas de alguns dos maiores produtores de combustíveis fósseis do mundo.

"Este será visto em retrospectiva como o dia em que tudo mudou para o Grande Petróleo", disse Andrew Logan, chefe de petróleo e gás na Ceres, que coordena a ação climática de investidores.

"Como a indústria decidir responder a este claro sinal determinará quais companhias prosperarão durante a próxima transição e quais definharão", disse ele.

Darren Woods, executivo-chefe da Exxon, disse que ele "ouviu o desejo de seus acionistas de catalisar as mudanças... e estamos bem situados para responder".

Analistas disseram que a decisão da Shell poderá estabelecer um precedente para casos semelhantes contra os maiores poluidores corporativos do mundo, que agora poderão enfrentar processos relacionados e ser obrigados a reformar seus modelos de negócios.

"Legal, econômica e socialmente, a decisão é importante", disse Thom Wetzer, que dirige o programa de direito sustentável na Universidade de Oxford. "Todas as companhias na indústria de energia e todos os emissores pesados serão avisados e terão de acelerar seus planos de descarbonização."

A decisão judicial se seguiu a uma campanha legal liderada por Milieudefensie, a ala holandesa dos Amigos da Terra. Donald Pols, diretor da Amigos da Terra Holanda, descreveu a decisão como uma "vitória monumental".

A Shell disse que "apelará da decepcionante decisão judicial de hoje".

Os preços das ações da Shell e da Chevron ficaram estáveis nesta quarta-feira (26), enquanto os da Exxon subiram 0,7%.

No entanto, Nick Stansbury, da Legal and General Investment Management, disse que "o mercado não parece ter reagido, mas há uma pergunta válida sobre se este é um momento divisor de águas como foram os primeiros processos legais contra as Grandes do Tabaco".

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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