Descrição de chapéu Reforma tributária

CNI quer corte tributário maior de Guedes, mas teme revisão de subsídios

'Plano B' do ministro para reforma no Imposto de Renda já encontra resistências entre industriais

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Brasília

A CNI (Confederação Nacional da Indústria) afirma que o projeto de lei apresentado pelo ministro Paulo Guedes (Economia) para alterar o Imposto de Renda é “muito ruim” e vai desestimular investimentos no país.

A entidade demanda que os números sejam alterados (o que Guedes já aceitou), mas teme a saída encontrada pelo ministro para compensar as mudanças –revisar até R$ 40 bilhões em subsídios para grupos empresariais específicos, como a indústria petroquímica.

Mário Sérgio Telles, gerente de política econômica da CNI, diz que não foram explicados ainda os detalhes da nova proposta do governo e afirma que corte pode se tornar prejudicial sem uma análise detalhada sobre os prós e contras de cada programa.

“Essa proposição a gente precisa entender melhor do que se trata”, diz. “Nós não somos apegados a todos os incentivos que existem, mas é preciso ter uma avaliação sobre custos e benefícios”, afirma.

A entidade defende programas como aqueles voltados ao desenvolvimento regional e ao investimento tecnológico. “Os incentivos para a inovação achamos que faz todo sentido para o crescimento econômico, assim como aqueles voltados às regiões menos desenvolvidas”, afirma, citando especificamente Sudam e Sudene (órgãos criados com a justificativa de estímulo ao desenvolvimento da Amazônia e do Nordeste, respectivamente).

Ao mesmo tempo, também defende outros benefícios –como os ligados à indústria petroquímica. Telles lembra que o governo já tentou acabar com o Reiq (Regime Especial da Indústria Química) neste ano por meio de uma medida provisória e a proposta foi barrada no Congresso. Durante a tramitação, a CNI defendeu a manutenção dos benefícios ao setor –e continua defendendo.

Já sobre benefícios para a fabricação de refrigerantes, outro alvo sinalizado por Guedes, a CNI não se manifesta. Há discordâncias entre associadas, já que representantes das grandes fabricantes (como Ambev e Coca-Cola) defendem os incentivos, enquanto as menores o criticam.

A CNI afirma ainda que a emenda Emergencial, aprovada neste ano, já prevê a redução de subsídios e há receios dentre os industriais de que interpretações do texto possam levar a um corte drástico e exagerado nos próximos anos.

A entidade está disposta a discutir a reforma apresentada pelo governo e acredita que ele pode ir adiante –mas desde que com tempo suficiente para debater alterações substanciais. A primeira delas é baixar mais a alíquota do IRPJ, cujo corte foi considerado tímido na proposta de Guedes.

Nas contas da entidade, a proposta apresentada pelo governo ao Congresso eleva a carga tributária das empresas de 34% para 43% –considerando o combo apresentado de tributação de dividendos, fim dos juros sobre capital próprio e redução de alíquota de IRPJ (Imposto sobre a Renda de Pessoas Jurídicas).

O desejo dos industriais é uma diminuição no IRPJ próxima à mais recente sinalização de Guedes. O ministro acenou nos últimos dias com um corte de 15 pontos percentuais no IRPJ, o triplo do previsto no texto apresentado ao Congresso.

A alíquota de IRPJ é hoje de 15%, com 10% adicionais sobre os ganhos que passarem de R$ 20 mil por mês. Além disso, as empresas pagam 9% de CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) –o que resulta em uma alíquota de 34%.

A CNI propõe uma alíquota de 20% de IRPJ e CSLL e não se opõe à taxação de dividendos, embora queira que a alíquota seja de 15% (e não 20%, como quer Guedes) e apenas quando eles forem distribuídos para fora do grupo empresarial ou para pessoas físicas (na proposta do governo, não há tal distinção). A entidade também defende a manutenção dos juros sobre capital próprio.

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