Guedes diz que CPI é 'perde-perde enorme' e sugere aguardar 'fim da guerra' para atribuir culpas

Ministro afirma que governo está em pleno combate à pandemia e que processo foi apressado para antecipar ciclo eleitoral

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Brasília

O ministro Paulo Guedes (Economia) afirmou nesta quinta-feira (1º) que a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid é “um perde-perde enorme” e antecipa o ciclo eleitoral. Ele sugeriu que a apuração de eventuais culpas seja feita depois que “acabar a guerra” e defendeu o presidente Jair Bolsonaro.

Em videoconferência com o empresário Abilio Diniz, o ministro afirmou que não vai se meter em política, mas fez críticas à atuação da CPI.

“Eu sempre dizia que tanto para distribuir medalhas, dar aumento de salário ao funcionalismo, quanto para apurar culpa, que é o tribunal de guerras, primeiro você espera a guerra acabar. Estamos em pleno combate à pandemia, você precisa acabar a guerra. Quando acabar, você dá medalha para quem trabalhou direito e dá punição no tribunal de guerra para quem cometeu crimes de guerra”, afirmou.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, durante live com o empresario Abilio Diniz - Reprodução/Youtube

Na avaliação do ministro, enquanto a Câmara está sendo muito bem conduzida pelo deputado Arthur Lira (PP-AL), aliado de Bolsonaro, o Senado está embaralhado por conta da comissão de inquérito.

“Aquilo vira um perde-perde, porque um chama o outro de bandido, diz que o outro está matando gente. É um perde-perde enorme”, disse.

“Nós estamos um pouco apressados, talvez pelo problema da eleição, estamos antecipando o ciclo eleitoral. Isso não é bom para o país. Melhor é o ganha-ganha das vacinas e das reformas”, completou o ministro.

Guedes afirmou que a CPI está “entupindo” o Senado, que está resolvendo problemas de compras de vacinas em vez de estar dedicado às reformas.

Na videoconferência, o ministro defendeu Bolsonaro e afirmou que em Brasília tem gente o tempo inteiro tentando fazer coisa errada.

“O presidente não entra em conversa furada de corrupção, não dá nem espaço para esse tipo de conversa. Então quando eu vejo uma coisa dessa, eu acho bom se pegarem alguma coisa errada, pega logo e vamos tirar. Mas eu tenho certeza que em nenhum momento isso vai atingir o presidente porque eu conheço a conduta dele”, disse.

O caso mais recente de suspeita de corrupção, revelado pela Folha na terça (29), envolve a acusação por parte de um representante de uma vendedora de vacinas de que o então diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, pediu propina de US$ 1 por dose de vacina vendida. A exoneração de Dias do cargo foi comunicada na mesma noite.

Já o caso da vacina Covaxin envolveu diretamente Bolsonaro que, de acordo com depoimento dado na CPI, teria sido alertado em março sobre suspeitas de irregularidades no contrato.

Na conversa, Abilio fez diversos elogios à condução de Guedes na política econômica e classificou o ministro como um economista brilhante.

O empresário disse que a reforma do Imposto de Renda apresentada pelo ministro gerou uma "discórdia grande" e ressaltou que empresários enviaram perguntas sobre o tema para o ministro. No entanto, ele se limitou a dizer que gostaria de ter informações sobre todas as etapas da reforma do governo e, em seguida, ponderou que seria isento na conversa e não faria questionamentos sobre a modulação da medida.

"Eu não vou aqui, numa live, começar com uma deselegância de discutir se o imposto sobre dividendos é muito ou pouco", disse Abilio.

Apesar da afirmação, Guedes voltou a dizer que o corte proposto pelo governo para o Imposto de Renda de empresas, em 2,5 pontos percentuais em 2022 e mais 2,5 pontos e 2023, é pequeno e deve ser ampliado. Ele disse que provavelmente será feito um corte de 5 pontos percentuais já em 2023 e ressaltou que a redução total pode ser de 10 pontos se o governo conseguir reduzir subsídios.

Perguntado pelo empresário se ficaria mais quatro anos no cargo, Guedes respondeu que quando vê que está realizando objetivos, a energia é infinita. Ele disse que perdeu dinheiro e saúde para ocupar o cargo de ministro, mas sente o impacto de seu trabalho e sente que está ajudando.

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