Setor de serviços tem alta de 1,2% em maio e volta a ficar acima do pré-pandemia

Segmento foi beneficiado por menores restrições e vacinação contra a Covid-19

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Rio de Janeiro

O volume do setor de serviços no país avançou 1,2% em maio, na comparação com abril, e voltou a ficar acima do patamar pré-pandemia. O resultado foi divulgado nesta terça-feira (13) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O avanço de 1,2% foi o maior para o mês desde o começo da série histórica, com dados a partir de 2011.

Segundo o IBGE, o setor ficou 0,2% acima do nível pré-crise, registrado em fevereiro de 2020. Esse patamar já havia sido alcançado em fevereiro deste ano. Contudo, a piora da pandemia gerou novas restrições, abalando serviços diversos em março.

Em relação a maio de 2020, o setor teve alta de 23% —a alta expressiva é justificada pela base de comparação muito depreciada, dado que naquele período o país sofria o baque inicial da pandemia.

Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam avanço de 21,9% nessa base de comparação.​

A prestação de serviços foi atingida em cheio pela Covid-19 porque reúne atividades que dependem da circulação de clientes, contato direto e aglomerações. Entre elas, estão operações de hotéis, bares, restaurantes e eventos.

Após despencar no começo da crise sanitária, o setor ensaiou retomada ao longo de 2020. No entanto, deu sinais de perda de fôlego com a redução de estímulos à economia e o avanço da Covid-19 na largada de 2021.

“O setor vinha mostrando boa recuperação, mas, em março, com um novo agravamento do número de casos de Covid-19, governadores e prefeitos de diversos locais do país voltaram a adotar medidas mais restritivas, afetando o funcionamento das empresas de serviços. Em abril e maio, essas medidas começam a ser relaxadas e o setor volta a crescer”, analisou Rodrigo Lobo, gerente da pesquisa do IBGE.

Conforme o instituto, o volume de serviços seguiu no vermelho no acumulado em 12 meses. Até maio, a baixa foi de 2,2%. Já nos primeiros cinco meses de 2021, houve elevação de 7,3%.

Trabalhadora faz limpeza em quarto de hotel em São Paulo - Eduardo Anizelli - 25.jun.21/Folhapress - Folhapress

Na visão de Lobo, a vacinação contra a Covid-19 vem favorecendo os negócios.

“À medida que a vacinação avança, a gente observa maior flexibilização e maior confiança das famílias para consumo de serviços como os de restaurantes e hotéis. A gente já percebe um avanço nas receitas de serviços prestados às famílias”, ressaltou.

Por outro lado, o alto nível de desemprego e a perda de renda na pandemia desafiam a recuperação dos negócios, ponderou Lobo. Segundo o IBGE, o setor de serviços opera 11,3% abaixo do recorde histórico, alcançado em novembro de 2014.

“A gente sabe que a pandemia trouxe restrições de renda. Isso vai funcionar como um impeditivo para as famílias, mas, por ora, com a base deprimida, há espaço para crescimento [de serviços]”, pontuou.

Em maio, a alta de 1,2% frente a abril foi acompanhada por três das cinco atividades investigadas. Os destaques foram transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (3,7%) e serviços prestados às famílias (17,9%). Em seguida, vieram serviços profissionais, administrativos e complementares (1%).

Na contramão, informação e comunicação (-1%) e outros serviços (-0,2%) tiveram resultados negativos no quinto mês do ano.

Lobo destacou as diferenças entre as atividades pesquisadas. Segundo ele, serviços que dependem mais do fluxo de clientes em operações físicas encontram mais obstáculos para retomada. É o caso dos serviços prestados às famílias, que reúnem restaurantes e hotéis, por exemplo. Esse segmento, mesmo com a alta em maio, está 29,1% abaixo do pré-pandemia.

Serviços profissionais, administrativos e complementares, por sua vez, estão em nível 2,7% inferior ao pré-crise. “O avanço da vacinação traz um fôlego maior, mas há um longo caminho a ser percorrido por serviços de caráter presencial”, sublinhou Lobo.

As outras três atividades do setor já ultrapassaram o nível pré-crise. Serviços de informação e comunicação estão 6,4% acima desse patamar; transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio, 4,7%; e outros serviços, 3,3%.

Após a divulgação dos números nesta terça-feira, a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) revisou a projeção de crescimento do setor em 2021. A estimativa de avanço do volume de serviços passou de 4,6% para 5,1% no acumulado do ano. Em 2020, houve queda de 7,8%.

“A pandemia ainda não está sob controle, mas o avanço da vacinação aumenta a confiança. Devemos ter uma aceleração de serviços no segundo semestre. A palavra-chave é confiança. As pessoas estão mais confiantes com a vacina no braço”, afirma o economista Fabio Bentes, da CNC.

“A projeção é, sim, de um resultado positivo no ano, mas com uma base de comparação bastante deteriorada. Então, não dá para soltar fogos”, pondera.

Em relatório, o Banco Original também destacou o impacto da imunização. "Para os próximos meses, esperamos que o setor de serviços dê continuidade ao processo de recuperação, refletindo especialmente o avanço da mobilidade e o ganho gradual de confiança dos agentes econômicos à medida que avança a campanha de vacinação e a pandemia dá leves sinais de melhora”, apontou a instituição.

Nesta terça-feira, o IBGE ainda informou que, em maio, o índice de atividades turísticas subiu 18,2% frente ao mês anterior. Foi a segunda taxa positiva em sequência. Em dois meses, o indicador acumulou ganho de 23,3%.

“Esse avanço recente recupera boa parte da queda de 26,5% observada em março, que foi um mês com maior número de limitações ao funcionamento de determinados estabelecimentos. Contudo, o segmento de turismo ainda necessita crescer 53,1% para retornar ao patamar de fevereiro do ano passado”, disse Lobo.

A CNC projeta avanço de 17,8% no volume de receitas do turismo em 2021. No ano passado, houve tombo de 36,6%.

Neste mês, o IBGE divulgou o balanço de outros dois indicadores setoriais: produção industrial e vendas do comércio. Conforme o instituto, tanto a produção das fábricas quanto as vendas do varejo cresceram 1,4% em maio, frente a abril.

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