Senado dos EUA aprova acordo para aumentar teto da dívida até dezembro

Proposta aumentaria teto em US$ 480 bilhões e deve ser votada na Câmara até a próxima semana

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Camila Camdessus Elodie Cuzin
Washington | AFP

O Senado dos Estados Unidos aprovou nesta quinta-feira (7) um projeto de lei que permite aumentar o teto de endividamento do país até dezembro e, assim, afastar a ameaça de um default inédito.

O texto, aprovado apenas pelos senadores democratas, por 50 votos a 48, aumentaria o teto da dívida em US$ 480 bilhões (R$ 2,6 trilhões) de seu nível atual para honrar os pagamentos até o começo de dezembro. A Câmara, de maioria democrata, deve aprovar a norma em meados da semana que vem.

A aprovação do texto vem após dias de tensão entre os congressistas, que enfrentavam um impasse na elaboração de uma proposta para a dívida. Na manhã desta quinta, o senador Chuck Schumer, líder democrata no Senado, a "boa notícia" de um acordo entre as partes para elevar o limite da dívida, que vai até o dia 3 de dezembro.

Agora, a Câmara dos Deputados, terá que dar luz verde, o que não será feito até a próxima semana, para que o presidente Joe Biden possa sancioná-lo.

O senador Chuck Schumer, líder da maioria no Senado - Drew Angerer - 7.out.2021/AFP

"O Senado avança para o plano que apresentei ontem para evitar que os americanos sofram uma crise criada" pelos democratas, afirmou por sua vez o líder dos senadores republicanos, Mitch McConnell.

Com sua proposta, este veterano do Congresso ofereceu uma saída temporária para os dois lados, cada um em posições opostas.

Estimulada pela esperança de um acordo, Wall Street abriu em alta nesta quinta-feira.

Este avanço, no entanto, deixou vários republicanos indignados nesta quinta-feira, entre eles o ex-presidente Donald Trump, para quem Mitch McConnell "se inclinou" para os democratas.

'Fazer política com nossa economia'

Mas os bloqueios não vão desaparecer.

Os republicanos se recusam energicamente a aprovar qualquer medida para aumentar o limite do endividamento do país, porque afirmam que seria como dar a Biden um cheque em branco para financiar seus enormes planos de investimento.

Esses planos, porém, ainda não foram aprovados pelo Congresso. O aumento do teto do endividamento será usado para reembolsar quantias já emprestadas, incluindo trilhões de dólares gastos sob o governo de Trump.

Ao oferecer um respiro temporário para evitar uma crise da dívida, McConnell pediu aos democratas que cheguem a uma solução duradoura usando um caminho legislativo complexo, até agora rejeitado pelo partido do presidente Biden.

A Casa Branca reagiu com indiferença a esse acordo.

"Isso nos dá algum tempo, mas não resolve o problema", comentou Jared Bernstein, um dos assessores econômicos do presidente. "Passar mais dois meses discutindo sobre isso não resolve a incerteza".

E a bordo do Air Force One, Karine Jean-Pierre, porta-voz da Casa Branca, acusou McConnell de "fazer política com nossa economia".

Na prática, o acordo alcançado nesta quinta-feira adia até o final de novembro uma batalha parlamentar pelas finanças dos Estados Unidos que promete ser épica.

Paralelamente ao limite da dívida, o Congresso também terá que decidir antes de 3 de dezembro um novo orçamento, caso queira evitar a paralisação dos serviços federais, uma situação também conhecida como "desligamento do governo" ou 'shutdown'.

A confluência dessas duas ameaças pressagia semanas muito agitadas no Capitólio.

Os democratas esperam, no entanto, aproveitar este respiro no front financeiro para se concentrarem nas próximas semanas nas difíceis negociações no berço do próprio partido para adotar os dois grandes planos de investimento de Biden, em infraestrutura e em reformas sociais.

O líder da minoria, Mitch McConnell - Win McNamee - 7.out.2021/AFP

Pressões políticas

O Tesouro dos Estados Unidos definiu 18 de outubro como a data a partir da qual a maior economia do mundo pode se tornar inadimplente se o Congresso não aumentar a capacidade de endividamento do país.

A pressão vinha crescendo muito claramente nos últimos dias sobre os republicanos, especialmente por parte de Biden.

O presidente dos Estados Unidos, enfraquecido pela retirada caótica do Afeganistão, e em meio a intensas discussões em seu próprio partido para realizar suas principais reformas econômicas e sociais, não queria ter também um desastre financeiro.

Biden convidou grandes figuras de Wall Street à Casa Branca na quarta-feira para alertá-los sobre as consequências de um 'default', que seria o primeiro na história dos Estados Unidos.

Os Estados Unidos, que, como quase todas as grandes economias, há décadas vivem do crédito em termos de gastos públicos, já aumentaram repetidamente esse famoso "teto" da dívida.

Mas os republicanos começaram durante a presidência de Barack Obama, antecessor de Trump, a usar essa manobra legislativa de rotina como um instrumento de pressão política.

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