Grupo Pão de Açúcar desiste de bandeira Extra Hiper e faz acordo de até R$ 5,2 bi com Assaí

Assaí vai pagar R$ 4 bilhões ao GPA em prestações até janeiro de 2024

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Alberto Alerigi Jr.
São Paulo | Reuters

O Grupo Pão de Açúcar anunciou nesta quinta-feira (14) o fim da bandeira de hipermercados Extra Hiper, abandonando um segmento do mercado que vem enfrentando dificuldades em crescer diante da concorrência com o atacarejo e impactos da pandemia sobre os consumidores.

O fim da bandeira foi acertado em um acordo com o Assaí, grupo de atacarejo do francês Casino, que também é controlador do GPA, segundo comunicado ao mercado.

Pelo acordo, calculado em até R$ 5,2 bilhões, o GPA vai passar para o Assaí 71 lojas Extra Hiper que serão convertidas para atacarejo. O GPA terminou o primeiro semestre com 103 lojas Extra Hiper.

O Assaí vai pagar R$ 4 bilhões ao GPA em prestações que vencem entre dezembro deste ano e janeiro de 2024. O R$ 1,2 bilhão restante será pago ao GPA por um fundo imobiliário que tem garantia do Assaí.

Prédios residenciais em torno do supermercado Extra, localizado no Jaguar, em São Paulo, que fazem parte dos empreendimentos residenciais do Grupo Pão de Açúcar - Diego Shuda - 10.out.2021/Folhapress

O GPA não deu detalhes sobre o fundo, mas afirmou que o fundo vai alugar 17 imóveis que antes eram da empresa ao Assaí por 20 anos renováveis por igual período.

Há tempos o GPA tem buscado melhorar os resultados da bandeira de hipermercados Extra, que tem enfrentado forte concorrência de empresas de atacarejo que incluem, além do Assaí, o Atacadão, do grupo Carrefour Brasil.

Enquanto isso, o Assaí tem tocado uma agressiva campanha de expansão de lojas, ingressando em novos estados do país em um momento em que a renda da população segue pressionada por desemprego e alta da inflação.

Em julho, o presidente do GPA, Jorge Faiçal, afirmou em teleconferência com analistas que a empresa manteria a estratégia que vinha implementado nos últimos meses, de redução dos preços dos produtos do Extra Hiper. O executivo, porém, afirmou que o objetivo não era transformar a bandeira em atacarejo, formato que vinha impulsionando o grupo até a cisão do Assaí mais cedo neste ano.

"A transação foi concebida sob um racional claro do ponto de vista de negócios e financeiro, para as duas companhias, com potencial de significativa criação de valor para os seus respectivos acionistas", afirmou o GPA no comunicado.

Com o negócio, o GPA reforça ainda mais o foco em segmentos "premium" e de proximidade "notadamente com as bandeiras Pão de Açúcar, Minuto e Mercado Extra, além de reforçar a posição de liderança do GPA no varejo e e-commerce alimentar no país", disse Faiçal.

O executivo acrescentou que a "bandeira Extra Hiper será descontinuada" e as lojas do formato que não foram envolvidas na operação serão convertidas para outras bandeiras "com maior potencial de rentabilidade".

Segundo o GPA, como ambas as companhias são controladas pelo Casino, a transação foi aprovada "exclusivamente com os votos dos conselheiros independentes de GPA e Assaí".

GPA ficará "mais leve" sem Extra Hiper e sairá da "defensiva", diz presidente

A desistência do GPA do formato de hipermercados e A venda das principais lojas da bandeira Extra Hiper para o Assaí dará à empresa recursos para ser mais ágil e acelerar crescimento no varejo alimentar físico e digital, disse o presidente do GPA, Jorge Faiçal, nesta sexta-feira.

O GPA anunciou na noite da véspera acordo de 5,2 bilhões de reais com o Assaí no qual vende 71 das 103 lojas Extra Hiper e abandona a bandeira criada há 36 anos.

"Teremos uma empresa que deixará de trabalhar na defensiva e partirá para o ataque, trabalhando suas fortalezas", disse Faiçal em teleconferência com analistas, referindo-se à bandeira Pão de Açúcar.

Segundo ele, com o acordo com o Assaí, o GPA vai abrir 100 lojas Pão de Açúcar nos próximos três anos no país e 100 lojas do formato de proximidade Minuto Pão de Açúcar.

Faiçal não fez projeções sobre a margem Ebitda do grupo após a transformação, mas afirmou que espera que a transação com o Assaí "traga margem Ebitda significativamente mais alta".

Durante a teleconferência, o presidente do GPA disse que a empresa também está abandonando o formato de drogarias no país.

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