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Ministro das Comunicações prevê privatização dos Correios em julho de 2022

Fábio Faria diz que venda da empresa deve ser feita antes que iniciativa privada deixe de ter interesse na estatal

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Brasília

O ministro das Comunicações, Fábio Faria, disse nesta quarta-feira (20) que a intenção do governo é privatizar os Correios em julho do ano que vem. A data para realizar o leilão da empresa leva em conta o tempo necessário para a aprovação da proposta pelo Congresso e a avaliação do edital pelo TCU (Tribunal de Contas da União).

O chefe da pasta fez a estimativa ao comentar o dispositivo do projeto que prevê a estabilidade por 18 meses para funcionários da estatal.

“Caso venha a ser aprovado no Senado, ele [o projeto] vai para uma consulta pública. Depois, o governo demora em torno de 30 dias para encaminhar [o edital] para o TCU. Depois, o TCU deve também demorar em torno de 30, 60, 90 dias. Depois, volta para o governo realizar a privatização, mais 90 dias", disse, durante participação em audiência na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado, onde o projeto será votado antes de ir ao plenário.

"Então, essa estabilidade dos funcionários começa a contar após a realização desse processo. Então, estamos falando em algo no meio do ano que vem, julho”, completou.

Faria ainda afirmou que os Correios têm perdido receitas com a entrega de encomendas e que, se a privatização não for aprovada agora, a iniciativa privada não terá mais interesse em adquirir a estatal.

“É a última janela que nós temos. Eu tenho certeza do que eu estou falando, nós não temos condições nenhuma de voltarmos a discutir privatização dos Correios daqui a três, quatro anos. Ninguém vai ter interesse”, argumentou.

O relator da proposta na Casa, senador Marcio Bittar (PSL-AC) tem demonstrado que não irá alterar o texto aprovado pelos deputados. Se isso se confirmar e a proposta for aprovada, ela vai direto à sanção.

Assim como o ministro, Bittar afirma que há uma queda nos serviços de entrega realizados pelos Correios e que a solução é privatizar a empresa.

“Nós temos um serviço que está caindo cada vez mais [...] Se não fizermos nada, vai chegar um momento que todo setor de entrega de encomendas estará no setor privado e a nós brasileiros restará o ônus de a cada ano pedir R$ 10 bi, R$ 15 bi, $ 20 bi de subsídio para manter o serviço que não dá lucro”, afirmou Bittar.

O plano elaborado pelo Ministério da Economia para a privatização dos Correios prevê a venda de 100% da estatal.

A proposta permite que serviços postais, inclusive os prestados hoje pelos Correios em regime de monopólio, sejam explorados pela iniciativa privada. O objetivo é eliminar a restrição de entrada de empresas no setor, ampliando a competição. Hoje, os Correios têm exclusividade no envio de cartas, telegramas e outras mensagens.

Como forma de garantir a prestação de um serviço universal, o texto que foi aprovado pela Câmara impede o fechamento de agências dos Correios em áreas remotas do país.

Os parlamentares também incluíram na proposta um PDV, plano de demissão voluntária. De acordo com o projeto, a demissão voluntária poderia ser pedida até 180 dias após a desestatização.

Ao funcionário, seria paga uma indenização de um ano de remuneração, com manutenção do plano de saúde neste período, além de ingresso em um programa de requalificação.

Em relação às tarifas, a proposta determina que elas sejam transparentes e que possam ser diferenciadas geograficamente com base no custo do serviço, na renda dos usuários e nos indicadores sociais, para garantir o acesso de qualquer pessoa ou empresa ao serviço postal universal.

Além disso, deve ser criada a “tarifa social” para os usuários sem condições financeiras para pagar pelo serviço.

As tarifas do serviço postal universal serão reajustadas anualmente considerando o índice de preços previsto no contrato de concessão, podendo incluir um fator de desconto.

Parlamentares da oposição que participaram da audiência se manifestaram contra a privatização. Uma das preocupações manifestadas por eles é o risco de cidades do interior ficarem sem os serviços postais.

"A preocupação aqui é que o Estado ainda cumpre um papel fundamental para poder gerar cidadãos lá nos rincões. Nós temos preocupação com o cidadão que mora lá dentro da floresta, nos rincões", disse o líder do PT no Senado, Paulo Rocha (PT-PA).

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