Bolsa sobe 0,72% à espera de definição sobre PEC dos Precatórios

Dólar recua a R$ 5,49 com expectativa do mercado em relação a proposta que dá calote em dívidas judiciais da União

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São Paulo

A Bolsa de Valores brasileira fechou em alta de 0,72% nesta terça-feira (9), a 105.535 pontos, e o dólar cedeu 0,92%, cotado a R$ 5,4910. Analistas atribuem os resultados ao otimismo de investidores com a expectativa de aprovação em segundo turno da PEC (Proposta de Emenda da Constituição) dos Precatórios, que dá calote em dívidas judiciais da União, cuja votação ocorre nesta terça.

A PEC cria condições para que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pague o Auxílio Brasil de ao menos R$ 400 até o fim de 2002, ano em que ele deverá tentar a sua reeleição, sem que ele precise abrir mão de outros gastos. A proposta foi aprovada em primeito turno na Câmara.

A medida é criticada por ser um drible o teto de gastos, mas tem sido tolerada pelo mercado, que considera a ampliação de despesas sem essa contrapartida uma ameaça ainda maior ao equilíbrio fiscal do país.

No final da tarde desta terça, porém, o STF (Supremo Tribunal Federal) formou maioria para suspender as emendas de relator, manejadas por governistas com apoio do Palácio do Planalto às vésperas de votações importantes para o Executivo. O revés sofrido pelo governo perto do horário de fechamento do pregão não foi suficiente para reverter a alta da Bolsa.

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), conduz votação da PEC dos Precatórios em primeiro turno - Frederico Brasil - 3.nov.2021/Futura Press/Folhapress

"O mercado espera pela aprovação da PEC e qualquer resultado diferente disso deve trazer maior pressão sobre o rumo do fiscal", diz Rafael Ribeiro, analista em investimentos da Clear.

A taxa de juros DI (Depósitos Interbancários) para janeiro de 2023 recuou 0,06 ponto percentual, para 12,15% ao ano.

Com o recuo nos juros de referência para contratos de curto prazo, investidores buscaram negócios no setor de varejo, impulsionando Magazine Luiza (9,81%) e Americanas (7,71%), que tiveram as maiores altas do pregão.

Analistas também atribuem o cenário menos pessimista às declarações do diretor de política monetária do Banco Central, Bruno Serra, que reforçaram o compromisso da autoridade com o controle da inflação.

Em entrevista publicada nesta segunda pelo Nikkei Asia, Serra afirmou que o Copom (Comitê de Política Monetária) poderá elevar a taxa Selic em mais de 1,5 ponto percentual em dezembro.

"Se for necessário elevar a taxa de juros em mais de 150 pontos-base, nós vamos fazer então", disse Serra.

A temporada de balanços também ajudou a impulsionar a Bolsa, como foi o caso do Banco do Brasil, que apresentou lucro líquido de R$ 5,1 bilhões no terceiro trimestre, 48% acima de igual período de 2020, destacou Alexsandro Nishimura, sócio do escritório de investimentos BRA.

O cenário político, porém, continua gerando incertezas e remove o apetite dos investidores, que aguardam uma solução para o Orçamento de 2022, ressalta Nishimura.

"Mesmo com a alta desta terça, o Ibovespa permanece oscilando em uma estreita faixa desde o último pregão de outubro. O mercado defende um importante suporte técnico dado pelos analistas, nos 103 mil pontos, mas realiza lucros tão logo o índice alcança os 106 mil pontos", diz o analista.

As ações da Petrobras (PETR4), que subiram 2,14%, puxaram a lista dos papéis mais negociados do dia. A estatal respondeu à alta do petróleo no mercado internacional. O barril do Brent avançou 1,77%, a US$ 84,91 (R$ 466,58).

A Vale (VALE3) caiu 2,44%, em mais um dia de baixas no valor do minério de ferro.

Nos Estados Unidos, após registrarem ganhos recordes, os índices Dow Jones, S&P e Nasdaq recuaram 0,31%, 0,35%, e 0,60%, respectivamente.

"Tivemos uma incrível sucessão de altas, então, deixar um pouco de ar sair do balão é perfeitamente normal" disse Ryan Detrick, estrategista-chefe de mercado da LPL Financial.

"É um lembrete de que as ações não podem subir todos os dias", acrescentou Detrick.

Investidores também operaram atentos ao relatório de preços ao produtor do Departamento do Trabalho dos EUA mostrou nesta terça que a inflação continua aumentando devido à escassez na oferta de bens e de mão de obra.

(Com Reuters)

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