O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, anunciou que o país irá construir a primeira "Cidade Bitcoin" do mundo, financiada inicialmente pela emissão de títulos que deverão ser lançados no mercado de criptomoedas em 2022. O país é o primeiro a aceitar o criptoativo como moeda legal, o que provocou uma onda de protestos.
"O que vai incluir a 'Cidade Bitcoin'? Será no Golfo de Fonseca [oceano Pacífico, no sudeste do país]. E vai ter de tudo: áreas residenciais e comerciais, serviços, museus, entretenimento, bares, restaurantes, aeroporto, porto, trem, tudo", afirmou Bukele, em inglês, no encerramento do Labitconf, um fórum anual que reúne "bitcoiners" do mundo.
"Com o prefeito e tudo mais", acrescentou.
"Bitcoin City", ou "Cidade Bitcoin", cujo prazo de construção não foi informado, será na cidade costeira de Conchagua, onde se encontra o vulcão homônimo, que fornecerá a energia para o empreendimento.
"Aproveitaremos a geração de energia geotérmica para a cidade e para a mineração de bitcoin", disse Bukele.
El Salvador é, desde 7 de setembro, o primeiro país a autorizar o bitcoin como moeda legal, a par do dólar.
A mineração de bitcoins é o processo pelo qual novos bitcoins são criados. Nele, são usados computadores que resolvem problemas matemáticos complexos, cuja operação demanda uma grande quantidade de energia elétrica.
Hoje, essa energia provém de uma central geotérmica construída em 1999 e alimentada pelo vulcão Tecapa, na cidade de Berlim.
Segundo Bukele, o único imposto que a "Cidade Bitcoin" terá é o Imposto sobre Valor Agregado (IVA), investido em sua manutenção.
Os primeiros meses de bitcoin como moeda oficial em El Salvador são de confusão e protestos. Com cerca de metade da população vivendo abaixo da pobreza, o país convive com protestos contra a criptomoeda, considerada por muitos uma moeda "contra os pobres".
A população ainda tenta se adaptar a seu uso –alguns, sem sucesso, enquanto outros a veem como um investimento.
As últimas semanas foram de protestos no país, os maiores desde quando o mandatário chegou ao poder, em 2019. Cerca de metade da população do país vive abaixo da linha da pobreza.
No dia 17 de outubro, com cartazes onde se liam as frases "Bitcoin, a fraude" e "Não à ditadura", salvadorenhos sairam novamente às ruas.
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