Descrição de chapéu Banco Central

Mais de 50% dos servidores do BC paralisaram por reajuste, diz sindicato

Serviços essenciais não foram interrompidos, mas atividades sofreram impactos

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Brasília

Em protesto por reajuste salarial, servidores do Banco Central paralisaram os trabalhos na manhã desta quarta-feira (9) durante cerca de quatro horas, das 8h às 12h.

Os serviços essenciais do BC não foram interrompidos, mas algumas atividades sofreram impactos. Entre elas, o monitoramento do SPB (Sistema de Pagamentos Brasileiro), que foi transferido temporariamente de São Paulo para a equipe de contingência em Brasília, durante o período de mobilização.

Embora o sistema seja automatizado, os servidores da autoridade monetária fazem intervenções em caso de problema. Com uma equipe menos experiente, o risco operacional do sistema aumenta.

Servidores do Executivo Federal fazem protesto em frente à sede do Banco Central, em Brasília - Pedro Ladeira - 18.jan.2022/Folhapress

Também houve atraso na prestação de informações. A divulgação da TBF (Taxa Básica Financeira), do Redutor "R" e da TR (Taxa Referencial), que rotineiramente é feita a partir das 9h, só foi realizada às 12h01, logo após o término do ato dos servidores.

O atendimento ao público, de forma presencial ou por telefone, também foi interrompido no período. Não houve manifestação presencial em frente à sede da autoridade monetária, em Brasília.

Segundo o Sinal (Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central), mais de 50% dos funcionários aderiram ao movimento –a projeção inicial era de 65%. Atualmente, o BC tem 3.500 servidores na ativa. Procurado, diz não fazer estimativa de quantos funcionários cruzaram os braços.

De acordo com Fábio Faiad, presidente do Sinal, o número de participantes abaixo do esperado deve-se a alguns boatos que tentaram derrubar a mobilização.

Ainda assim, a entidade avalia a paralisação como um "sucesso", com a sinalização de uma nova reunião com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, na próxima semana, em data a ser definida. A expectativa é de que a conversa traga avanços, ainda que o sindicato aponte que o gargalo das negociações não está no BC, mas no governo.​

De acordo com Faiad, "o ato é ‘de advertência’ e contra o segregacionismo salarial do governo federal". A reestruturação de carreira de analistas e técnicos do BC (demandas sem impacto financeiro) também está entre os objetivos.

A iniciativa faz parte da mobilização nacional do funcionalismo público por recomposição salarial depois de o presidente Jair Bolsonaro (PL) acenar conceder aumentos apenas às categorias policiais. A verba disponível no Orçamento para elevar a remuneração dos servidores é de R$ 1,7 bilhão.

O Sinal já articula uma nova paralisação parcial em 24 de fevereiro. "Queremos adesão de, no mínimo, 70% dos servidores e, no mínimo, 70% de adesão a listas de entrega e de não-assunção das comissões (alguns serviços poderão ser interrompidos, mas não podemos dizer ainda quais, pois isso atrapalharia a organização do movimento)", informou.

Além disso, uma greve por tempo indeterminado a partir de 9 de março não está descartada, caso não haja uma resposta concreta do governo até o dia 24 de fevereiro.

Essa foi a segunda paralisação dos servidores do BC. A primeira ocorreu no dia 18 de janeiro, quando 50% dos funcionários cruzaram os braços durante duas horas, entre 10h e 12h. Na ocasião, cerca de 200 pessoas participaram de um ato em frente à sede do órgão, em Brasília, enquanto outros aderiram à mobilização de forma remota.

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