Descrição de chapéu Guerra na Ucrânia

Guerra mostrou importância da segurança energética durante transição verde, dizem especialistas

Declarações foram dadas em seminário online promovido pela Folha e o Ibre-FGV

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São Paulo

A guerra na Ucrânia, que impactou o já desequilibrado mercado pós-pandemia de petróleo, mostrou que o petróleo seguirá prestando um papel importante na transição energética para uma economia verde, disseram especialistas nesta sexta-feira (18).

A avaliação é de Fernanda Delgado, diretora-executiva corporativa do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás, e Flávio Rodrigues, vice-presidente de relações corporativas da Shell. Eles participaram de um seminário online promovido pela Folha e o Ibre-FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas) durante a manhã.

Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro Ibre-FGV, também estava na discussão, mediada pelo repórter especial do jornal Fernando Canzian. O objetivo era abordar os impactos da guerra na Ucrânia sobre preços de petróleo e energia, além dos gargalos na área que desafiam o crescimento brasileiro.

O encontro pode ser conferido no link abaixo:

"A transição energética é inexorável", afirmou Delgado no início de sua fala. O assunto tem sido tema de debate desde que a Rússia, terceiro maior exportador de petróleo do mundo e principal fornecedor de gás para a Europa, invadiu a Ucrânia. Sanções econômicas do Ocidente ao país levaram o barril a ultrapassar os US$ 100 —e subsídios à commodity serem discutidos em todo o mundo.

A virada ocorre em um momento em que a agenda verde ganhava força. A transição energética para fontes renováveis, porém, não deve perder o ímpeto, segundo Delgado.

"Nos últimos dois anos, a segurança energética foi ofuscada pela transição energética. Como se transitar fosse mais importante que ter segurança", afirma. Agora, é como se um novo equilíbrio tivesse sido alcançado.

Folha e FGV analisam impactos da guerra na energia em seminário online - Reprodução/FGV no YouTube

As características do Brasil, que já conta com fontes renováveis na maior parte da sua matriz energética, podem fazer com que sejamos um "gigante verde" no futuro, projeta o vice-presidente de relações corporativas da Shell Flávio Rodrigues.

"O Brasil não só carrega uma potencialidade muito grande como, do ponto de vista geopolítico, está sofrendo menos os efeitos de toda essa crise energética e econômica global", afirma.

Embora o Brasil não tenha uma dependência energética tão acentuada do petróleo, por anos seguidos secas têm abaixado o nível das represas e levado o país a discutir racionamento de energia.

"A impressão que fica (...) é que estamos sempre aguardando a próxima crise. Um período de escassez de chuva ou um algum crescimento econômico um pouco mais forte", diz a coordenadora do Boletim Macro Ibre-FGV Silvia Matos.

Para a pesquisadora, o aumento dos investimentos em petróleo podem atrapalhar a transição energética, embora nem todos devam ser descartados, em sua opinião.

"O diesel se espalha por toda a economia, então é natural imaginarmos subsídios temporários e redução de impostos. Isso faz parte do momento de crise", afirma ela. "Agora, e a gasolina, será que faz parte dar um subsídio para a gasolina que vai afetar pobres e ricos? Será que não é o momento de reduzir o consumo de uma parte da sociedade brasileira e contribuir para políticas sociais?"

Muitos dos subsídios em voga no mundo são anteriores à guerra, quando a recuperação econômica pressionou novamente o mercado de petróleo, aumentando o seu preço. No Brasil, o governo já elevou a expectativa de inflação em 2022 de 4,7% para 6,5%.

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