O jovem que hackeou a Tesla, redução do IPI deve ir a 33% e o que importa no mercado

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O jovem que hackeou a Tesla

Um especialista em cibersegurança de 19 anos conseguiu, do quarto de casa, assumir alguns controles de pelo menos 25 carros da Tesla em 13 países. Agora, ele conta os detalhes do episódio.

Como ele fez: David Colombo, dono de uma empresa de cibersegurança, estava prestando serviços no início do ano para uma contratante e precisou estudar um determinado software. Foi aí que descobriu a falha que lhe dava acesso aos veículos.

Ele poderia descobrir a localização do veículo, piscar luzes, abrir e fechar janelas, mas disse não ter feito nada sem a autorização dos donos. Ele avisou a empresa da falha, que respondeu e consertou o problema.

David Colombo, 19, conta sua história no World Government Summit, em Dubai
David Colombo, 19, conta sua história no World Government Summit, em Dubai - Roberto Dias/Folhapress

Esse, não: o hacker não conseguiu acessar o sistema Autopilot da Tesla, criticado por não evitar que motoristas tirem a atenção do comando enquanto o carro está em movimento.

O modelo, que acelera, freia e dirige o carro sozinho, está sendo investigado por suspeita de ter causado acidentes fatais.

Na cola: Colombo não foi o único jovem de 19 anos que deu dor de cabeça para Elon Musk nos últimos meses. O estudante Jack Sweeney criou em janeiro uma conta no Twitter que rastreia o jato particular do empresário.

O fundador da Tesla chegou a oferecer US$ 5.000 (R$ 23,7 mil) para Sweeney excluir a conta, mas ele recusou. Após a invasão da Ucrânia pela Rússia, o estudante decidiu criar outro perfil, que monitora as viagens das aeronaves de oligarcas ligados a Vladimir Putin.


​Corte do IPI vai a 33%

O governo Jair Bolsonaro (PL) deve editar nesta quinta (31) um decreto que amplia o corte no IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para 33%, mas que deve deixar fora da redução os bens produzidos na Zona Franca de Manaus.

Entenda: no mês passado, o governo havia feito um corte de 25% no IPI para todos os setores além dos produtos com tabaco. A bancada amazônica no Congresso chiou, dizendo que a medida prejudicaria a Zona Franca, onde os bens são isentos do IPI.

Para aprovar as reduções nos tributos sobre os combustíveis no Congresso, o governo então fez um acordo com a bancada, que será cumprido com o decreto desta quinta.

Por que importa: estão entre os produtos feitos na Zona Franca os itens de linha branca –geladeira, fogão, máquina de lavar etc–, motocicletas e concentrados de refrigerantes.

Isso quer dizer que o corte no IPI não deve ter tanto efeito para os consumidores, já que a desoneração chegará a insumos e peças usadas na produção industrial.

Em números: na época da redução de 25% para todos os produtos além do cigarro, a queda na arrecadação foi estimada em R$ 21,1 bilhões, divididos entre União e estados e municípios.

O ministério da Economia ainda não confirmou os novos cálculos com essa redução maior, mas que atinge menos produtos.


​Como a guerra prejudica a indústria brasileira

Os efeitos econômicos da guerra na Ucrânia já chegam às micro e pequenas indústrias brasileiras, em um momento em que elas ainda estavam se adaptando à nova realidade provocada pela pandemia.

O que explica: a disparada dos preços do petróleo por causa do conflito aumentou os custos dos transportes e dos derivados da matéria-prima, como as resinas, que encarecem as peças plásticas. Desde 2020, os plásticos tiveram alta média de 60%.

O preço do ferro-gusa, uma liga muito usada pela indústria, subiu 25% em fevereiro.

Linha de produção da Gemü, empresa de origem alemã que fabrica válvulas
Linha de produção da Gemü, empresa de origem alemã que fabrica válvulas; insumos básicos como ferro e plástico subiram ainda mais com o início da guerra - Divulgação

Em números: três quartos das micro e pequenas indústrias de São Paulo registraram altas em preços de matérias-primas e insumos em fevereiro deste ano, segundo pesquisa Datafolha para o sindicato do setor.

No mesmo levantamento, 41% não conseguiram comprar o que precisavam por falta de produto em fornecedor, e 39% receberam insumos e matérias-primas com atraso.

Problemas também aqui dentro: o ciclo de alta na taxa de juros, que encarece o crédito, assim como a retração da demanda provocada pela queda na renda da população e pela desaceleração da atividade econômica, também devem atrapalhar o crescimento das indústrias neste ano.

Setor no vermelho: a produção industrial como um todo recuou 2,4% em janeiro, mês anterior à invasão da Ucrânia pela Rússia. O resultado foi o pior para o mês desde 2018, segundo o IBGE.


Desemprego de longa duração é recorde

Quase um terço (30%) dos brasileiros que procuravam trabalho no último trimestre do ano passado estava desempregado há pelo menos dois anos.

Em números: de outubro a dezembro de 2021, o último com dados disponíveis, 3,6 milhões de um universo de 12 milhões de desempregados estavam procurando uma vaga há pelo menos 24 meses.

O levantamento foi feito pela consultoria IDados, a pedido da Folha, com base na Pnad Contínua, do IBGE.

O que explica: a pandemia jogou muita gente para o desemprego, e quem já estava nessa situação antes da crise sanitária teve ainda mais dificuldade para achar uma vaga. O retorno para o mercado costuma ser mais difícil para quem está há mais tempo fora dele.

Mais afetados: o desemprego de longa duração também reflete as desigualdades presentes em outros indicadores nacionais.

  • As mulheres eram 62,6% (quase 2,3 milhões) do total de brasileiros que estavam há pelo menos dois anos procurando por uma vaga. Os homens (quase 1,4 milhão) correspondiam aos demais 37,4%.
  • Ainda no recorte do desemprego de longa duração, os negros eram 63,9% (2,3 milhões). Os brancos representavam 35,4%.

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