Álcool ou gasolina? Veja como calcular o que compensa mais

Petrobras reajustou gasolina em 5,2%; etanol está em queda com a safra de cana

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Curitiba e São Paulo

O motorista que quer economizar na hora de abastecer o carro precisa fazer as contas para saber o que vale mais a pena, se gasolina ou álcool. O reajuste de 5,2% na gasolina —o diesel também subiu anunciado pela Petrobras na sexta-feira (17) tende a elevar ainda mais o preço dos combustíveis nas bombas, afetando diretamente o bolso.

Embora as pesquisas de preço de combustíveis ainda não reflitam o comportamento nos postos após o reajuste, pois os valores foram obtidos antes dos repasses, os levantamentos mostram que, em plena safra de cana-de-açúcar, há queda no litro do etanol, mas isso não se reflete em todos os estados do país.

Dados divulgados pela ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) mostram o preço médio do litro da gasolina em R$ 7,232 e o do etanol em R$ 4,910. Os preços, coletados entre os dias 12 e 18 de junho, ainda não trazem os impactos dos reajustes anunciados pela Petrobras na sexta-feira (17).

Postos da capital paulista têm novos preços para gasolina e diesel - Danilo Verpa - 20.jun.22/Folhapress

Dados do último levantamento do IPTL (Índice de Preços Ticket Log) referentes à primeira quinzena de junho mostram o litro da gasolina vendido, em média, a R$ 7,52 nos postos do país, valor 0,35% mais barato se comparado ao fechamento de maio. Já o preço médio do etanol recuou 1,58% e encerrou a quinzena a R$ 6,02.

Vale a pena abastecer com álcool ou gasolina?

Para saber se compensa trocar a gasolina pelo álcool, é necessário fazer um cálculo que leva em consideração o rendimento de cada combustível. O consumidor deve dividir o valor do litro de etanol pelo valor do litro da gasolina. Se der até 0,70, o álcool compensa mais.

Considerando o preço médio da ANP, de R$ 7,232 o litro da gasolina e de R$ 4, 910 do etanol, o álcool compensa mais, com uma relação de 0,68.

Segundo o engenheiro Gabriel Branco, especialista em motores, um veículo abastecido com etanol rende, em média, 30% a menos do que se estivesse com gasolina. Por isso, para valer a pena, o litro do etanol deve custar até 70% do litro da gasolina.

Vale a pena abastecer com álcool (etanol)?

Veja como fazer o cálculo simplificado e economize

  1. Multiplique o preço do litro do álcool por 100

  2. Divida pelo preço do litro da gasolina

  3. Se o resultado for 70 ou menos, isso indica que o etanol é mais vantajoso

O cálculo do rendimento do álcool em relação à gasolina, no entanto, é uma aproximação. O valor de base (70%) pode ser maior ou menor, a depender do desempenho do motor. É preciso que o próprio motorista acompanhe o gasto do seu veículo e decida qual é o melhor combustível no seu caso.

Dados da empresa de gestão de frotas Ticket Log, que monitora os preços em cerca de 21 mil postos, apontam que tanto o álcool quanto a gasolina estavam em queda na primeira quinzena de junho ante o mês de maio. Mas, no ano, há alta dos dois combustíveis.

O consumido precisa ficar atento aos valores. Em alguns estados, etanol compensa mais. Em outros, a gasolina. "Vale ressaltar que estamos quase no final do primeiro semestre, com a gasolina em alta de mais de 9%, se comparada a janeiro, e o etanol com 4,6% de aumento em relação ao mesmo período", diz Douglas Pina, diretor da divisão de frota e mobilidade da Edenred Brasil.

Para José Alberto Paiva Gouveia, presidente do Sincopetro (Sindicato Comércio Varejista Derivados Petróleo do Estado de São Paulo), que representa os postos de combustíveis, o preço da gasolina "explodiu", mas o do etanol não deveria ter tido alta expressiva. Segundo ele, a explicação do setor usineiro é de que, se o etanol estivesse baixo, não seria possível atender todo mundo.

"Há 'N' explicações, mas nenhuma nos satisfaz; somos a última ponta. Eles dizem que não fazem preço de bomba, mas fazem o de compra. Se eu pudesse, compraria etanol em outro lugar ou importaria gasolina de outro local, mas não há como. Então a gente compra o preço que vem", afirma.

De acordo com Branco, a melhor forma de verificar essa relação para cada veículo é por meio da etiqueta PBEV (Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular). Este é um selo verificado pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) e traz detalhes do rendimento dos modelos flex, com álcool e gasolina, na cidade e na estrada.

Na avaliação mais recente do Inmetro, publicada neste mês, um Chevrolet Onyx motor 1.0, ano 2022, por exemplo, rende 9,5 quilômetros por litro com álcool na cidade, e 12 km/l com gasolina. Já o compacto Hiunday HB20 motor 1.0 rende 9,8 km/l na cidade com etanol e 10,7 km/l com gasolina.

O Inmetro informou, em ocasião anterior, que não há uma padronização para a divulgação deste selo nos veículos. Fontes envolvidas no processo de certificação afirmaram que montadoras que produzem carros pouco econômicos resistem a dar publicidade dos dados ao consumidor.

As tabelas de avaliações de rendimento feitas pelo Inmetro podem ser consultadas neste link, pelo ano de fabricação e categoria do veículo.

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