O Twitter reagiu à tentativa de Elon Musk de desistir da aquisição por US$ 44 bilhões da empresa de rede social, chamando-a de "inválida e injusta" e acusando o empresário de violar o acordo de fusão, segundo uma carta enviada aos advogados do bilionário.
Musk anunciou na sexta-feira (8) que pretendia desistir da compra do Twitter, citando supostas violações do acordo de fusão cometidas pela plataforma de rede social.
Mas em uma carta endereçada à equipe jurídica de Musk, datada de domingo (10), os advogados do Twitter, da firma Wachtell, Lipton, Rosen & Katz, disseram que Musk não podia desistir do acordo, argumentando que, em vez disso, foram o executivo-chefe da Tesla e sua equipe que "conscientemente, intencionalmente, propositadamente e materialmente" violaram o acordo.
Sua "suposta rescisão é inválida e injusta, e constitui um repúdio a suas obrigações sob o acordo", escreveu William Savitt, sócio da Wachtell.
A carta, que foi registrada publicamente nesta segunda-feira (11), cita três cláusulas diferentes do contrato que, segundo o Twitter, constituem violações e impedem Musk de recusar a compra.
A primeira estaria relacionada à obrigação de Musk de ajudar na preparação de registros regulatórios sobre a aquisição. A segunda o obrigaria a consultar o Twitter antes de fazer declarações públicas sobre a transação. De acordo com o contrato, Musk "terá permissão para emitir tuítes sobre a fusão ou as transações... contanto que tais tuítes não depreciem a empresa ou qualquer de seus representantes".
Não está claro na carta a que comunicações específicas o Twitter se refere. No entanto, Musk instigou repetidamente o Twitter e sua direção desde que o acordo foi anunciado –por exemplo, respondendo a seu executivo-chefe, Parag Agrawal, com um emoji de um cocô em um tópico do Twitter explicando a abordagem da empresa às contas falsas.
No domingo, Musk também tuitou um meme composto de fotos dele mesmo rindo da perspectiva de o Twitter compartilhar informações sobre bots no tribunal, embora não esteja claro se isso foi postado antes do envio da carta dos advogados da rede social.
O terceiro item citou o dever de Musk de ajudar a aumentar o financiamento de dívida e capital necessário para saldar o acordo de US$ 44 bilhões (R$ 235,4 bilhões).
O Twitter deverá entrar com uma ação contra Musk no Tribunal de Chancelaria de Delaware nos próximos dias, de acordo com uma pessoa informada da situação, enquanto o impasse ameaça se transformar numa confusa batalha jurídica.
Analistas sugeriram que as partes também poderiam chegar a um acordo ou negociar a aquisição por um preço menor, citando especulações de que Musk está arrependido devido à queda das ações de tecnologia.
Musk afirmou na sexta que o Twitter violou o acordo de fusão ao não fornecer informações suficientes para provar que o número de contas falsas em sua plataforma era inferior a 5%, conforme avaliou em divulgações públicas. Sua equipe também contestou o número, sugerindo que o número verdadeiro é potencialmente "extremamente maior".
Na carta da Wachtell a Musk, a empresa escreveu que "continuará a fornecer informações razoavelmente solicitadas por Musk sob o acordo e a tomar diligentemente todas as medidas necessárias para fechar a transação".
Na segunda-feira, a S&P disse que a nota de crédito de "junk" do Twitter ainda está sob revisão para possível rebaixamento, explicando: "A divulgação da proposta de aquisição do Twitter por Musk traz vários riscos negativos". A agência acrescentou: "Não especulamos sobre o resultado do litígio, mas acreditamos que aumentaria a incerteza e o risco de reputação".
O preço das ações do Twitter caiu mais de 11% no início das negociações em Bolsa na segunda-feira (11), após a notícia da tentativa de Musk de rescindir o acordo.
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