Descrição de chapéu Banco Central

Campos Neto diz que inflação pode subir em 2023 e que quadro fiscal preocupa

Presidente do Banco Central vê mercado aflito com situação do país caso medidas temporárias sejam mantidas

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São José do Rio Preto

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta segunda-feira (15) que o Brasil vive um momento de alta inflacionária que pode se intensificar ainda mais em 2023.

Segundo Campos Neto, as medidas adotadas pelo governo nos últimos meses –como a redução de impostos e ampliação de programas sociais– ajudaram a segurar a escalada inflacionária, mas essas ações não devem manter o mesmo efeito para 2023 e 2024.

"A gente precisa entender como é que essas medidas vão se dissipar, é difícil modelar isso. É como se você tivesse as medidas do governo pressionando a inflação para baixo, mas os componentes dos anos subsequentes são mais fortes do que a inércia que gera da queda do próprio ano corrente," disse Campos Neto em evento promovido pelo Instituto Millenium.

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central do Brasil - Adriano Machado/Reuters

O presidente do BC afirma que, além da inflação mundial, a crise hídrica e o encarecimento nos custos de produção dos alimentos foram mais intensos no Brasil, o que contribuiu para uma alta geral nos preços de bens e serviços. ​No entanto, ele afirma ver espaço para melhora.

Preocupação com situação fiscal

Campos Neto disse estar preocupado com a situação fiscal do país para o próximo ano, diante da possibilidade de continuidade do pacote de benefícios distribuído recentemente, que inclui a ampliação do Auxílio Brasil em R$ 200 e transferências para caminhoneiros e taxistas até dezembro, ao custo de R$ 41,25 bilhões.

"Tiveram algumas medidas grandes recentes, não vou entrar no mérito se é necessário ou não, mas existe uma ansiedade de como essas medidas serão financiadas se forem estendidas para o ano que vem", disse. "Não existe nada mais permanente do que um programa temporário do governo", afirmou.

Segundo o presidente do Banco Central, não é dele a responsabilidade de explicar os efeitos das medidas do governo na situação fiscal do país, mas o mercado está ansioso para saber se haverá uma compensação.

Taxa de desemprego deve continuar em queda

Durante o evento, Campos Neto disse que a taxa de desemprego no Brasil pode cair ainda mais e chegar a 8,5% neste ano. Ele afirmou também que a renda média do trabalhador, que registrou queda no Brasil, já mostra sinais de recuperação.

No Brasil, a taxa de desemprego recuou para 9,3% no segundo trimestre. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), é o menor patamar para esse período desde 2015. À época, o indicador estava em 8,4%, e a economia atravessava recessão.

"A parte de mão de obra foi a mais surpreendente, a gente nunca imaginaria que iria estar falando de uma taxa de desemprego abaixo de 9%. Tem uma mudança estrutural nisso", disse.

"A gente teve no começo uma mudança de salários mais altos por mais baixos, então a gente tinha um aumento do emprego, mas com a renda média estável ou caindo. Isso começou a mudar nos números mais recentes. Outros países também têm essa tendência de mudança estrutural na mão de obra, mas o Brasil, em termos de América Latina, se sobressai".

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