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Dólar avança quase 2% com tensão entre EUA e China sobre Taiwan

Moeda americana tem valorização global enquanto investidores buscam segurança

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São Paulo

O mercado financeiro mundial mostrou preocupação nesta terça-feira (2) com as tensões crescentes entre Estados Unidos e China, agravadas pela visita da presidente da Câmara americana, Nancy Pelosi, a Taiwan.

O índice que compara o dólar a uma cesta global de moedas subiu quase 1% após quatro dias de queda. No Brasil, a moeda americana à vista saltou 1,93%, a R$ 5,2770 na venda.

Homem observa tela que apresenta variação do índice da Bolsa de Taiwan
Homem observa tela que apresenta variação do índice da Bolsa de Taiwan - Sam Yeh - 22.fev.2022/AFP

Declarações de dois membros do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) também favoreceram a alta do dólar ao indicarem ao mercado a disposição da autoridade monetária em continuar a elevar juros nos Estados Unidos. O país tenta restringir a atividade econômica para controlar a maior inflação em 40 anos.

A presidente do Fed de São Francisco, Mary Daly, disse estar intrigada com os preços do mercado de títulos que refletem expectativas de investidores de que o banco central passará a cortar os juros no primeiro semestre do próximo ano. Ao contrário do que o indicador sugere, ela afirmou que sua expectativa é de que o Fed continue aumentando os juros por enquanto e depois os mantenha por algum tempo.

O presidente do Fed de Chicago, Charles Evans, por sua vez, também defendeu a elevação dos juros se a inflação não ceder.

Bolsa sobe na contramão do exterior

No mercado de ações brasileiro, o índice Ibovespa subiu 1,11%, a 103.483 pontos. No exterior, porém, as principais Bolsas caíram diante das preocupações com Taiwan.

Marcus Labarthe, sócio da GT Capital, considera que a busca de investidores por empresas que "estão amassadas" na Bolsa brasileira explica a resistência do Ibovespa nesta terça. "Vemos também o setor bancário positivo às vésperas dos balanços", comentou.

Em Nova York, o indicador S&P 500, parâmetro para o mercado acionário americano, caiu 0,67%. Na Europa, o índice que acompanha as 50 principais empresas da região perdeu 0,59%.

Na Ásia, a Bolsa de Hong Kong fechou com queda de 2,36%. Em Taiwan, o principal índice de ações caiu 1,56%. Papéis de fabricantes de chips foram prejudicadas com aumento de tensões geopolíticas.

"Os mercados recuaram nesta terça-feira com o noticiário global dando muito destaque para a visita da presidente da Camara do EUA, Nancy Pelosi, a Taiwan, debaixo de duras declarações e ameaças do governo chinês", comentou a equipe da Ativa Investimentos.

O barril do petróleo Brent cedia 0,35%, a US$ 99,68 (R$ 521,55) no início da noite, após um tombo de 9% na véspera, quando o mercado digeriu dados sobre a desaceleração da economia chinesa.

Na segunda-feira (1º), o mercado de câmbio brasileiro fechou perto da estabilidade, enquanto a Bolsa caiu. Além de um movimento de ajuste, com investidores embolsando lucros do mês passado, também pesou para a queda do mercado doméstico o desempenho negativo do setor de commodities devido ao fraco desempenho da economia chinesa.

Uma pesquisa privada realizada pelo Caixin e divulgada nesta segunda mostrou que a atividade industrial na China cresceu mais lentamente do que o esperado em julho, depois de ter melhorado em junho, quando foram levantados os lockdowns generalizados contra a Covid.

Em julho, o Ibovespa subiu 4,69%, o maior crescimento mensal desde março. A alta dos mercados de ações no mês passado é associada por especialistas à perspectiva de que a desaceleração da economia dos Estados Unidos poderá evitar altas mais agressivas na taxa de juros do Fed.

Com menos chances de obter ganhos mais altos com os juros do Tesouro americano, investidores se arriscaram mais no mercado de ações, o que também vem provocando desvalorização global do dólar.

No Brasil, o Copom (comitê de política monetária) do Banco Central divulgará a taxa básica de juros na quarta-feira (3) e uma alta de 0,5 ponto percentual é amplamente esperada, o que levaria a Selic para 13,75% ao ano.

Com Reuters

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