Descrição de chapéu Eleições 2022

Lula diz que Bolsonaro faz maior distribuição de dinheiro em eleições desde o Império

Ex-presidente defende manifesto pela democracia durante debate na Fiesp

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São Paulo

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira (9) que o governo federal está promovendo a maior distribuição de dinheiro que uma campanha política já fez desde o fim do Império. Para o pré-candidato, é possível que o povo não aceite pacificamente o fim dessas benesses temporárias após o período eleitoral.

Lula também criticou a posição de Bolsonaro, que classificou o manifesto capitaneado pela Fiesp em favor da democracia como "cartinha".

O ex-presidente participa do Encontro com Candidatos à Presidência: Diretrizes prioritárias do governo federal (2023-2026)", organizado pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

"Vamos concorrer a uma eleição vendo um dos adversários, para não citar nomes, fazendo a maior distribuição de dinheiro que uma campanha política já viu desde o fim do Império. Faltando 56 dias para as eleições, resolve fazer uma distribuição de R$ 50 e poucos bilhões em benefícios que têm duração até dezembro", afirmou Lula.

"Há de se perguntar se o povo aceitará pacificamente a retirada de um benefício que ele está recebendo por conta das eleições."

O ex-presidente Lula participa de evento com empresários na Fiesp - Marlene Bergamo/Folhapress

Lula afirmou que ele poderia ter lançado ao PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) nas eleições de 2006, mas não o fez para não que a iniciativa não fosse confundida como algo eleitoral.

Em sua fala inicial no debate, Lula evocou a memória do empresário José Alencar, seu vice e pai do presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, ​ao afirmar que Geraldo Alckmin (PSB), seu vice, terá papel igualmente relevante em seu governo, caso eleito.

Apoio a reformas administrativa e tributária

Durante o debate, o presidente foi questionado pelos empresários sobre as reformas tributária e administrativa e afirmou que irá apoiar as duas agendas. "Vamos ter que fazer uma reforma administrativa, sim. Tem pouca gente ganhando muito e muita gente ganhando pouco. É preciso moldar a burocracia a uma nova cultura."

Lula disse que é necessário que os empresários ajudem a melhorar o nível do Congresso Nacional para que seja possível avançar nessas e outras reformas. "Deus queira que vocês melhorem o nível da nossa bancada. Não é possível que a gente tenha o Congresso que a gente tem hoje."

O ex-presidente também afirmou que a eleição está polarizada e que não existe uma terceira via para o país.

"Vejo todos os dias nos jornais esse negócio de que temos que procurar a terceira via. Na história da humanidade não existe terceira via. Deus e o diabo polarizam a vida toda. O que existe é a experiência de duas pessoas [Lula e Alckmin] que têm um passado altamente confortável de gestão pública e esse aventureiro, que eu não sei porque foi eleito. Não consigo compreender."

Manifesto pela democracia

No evento, o ex-presidente defendeu a carta articulada pela Fiesp em defesa da democracia.

"Como a gente pode viver em um país em que o presidente conta sete mentiras todo dia, e com a maior desfaçatez. Ele chama uma carta pela defesa da democracia de ‘cartinha’", afirmou Lula.

"Quem sabe a carta que ele gostaria de ter é uma carta feita por milicianos no Rio de Janeiro, e não uma carta feita por empresários, intelectuais, sindicalistas, defendendo o regime democrático e a urna eletrônica, que até agora está provado que é uma das mais perfeitas que existem no mundo."

Com endosso de centrais sindicais, da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), da Academia Brasileira de Ciências e da UNE (União Nacional dos Estudantes), o documento prega compromisso "inarredável com a soberania do povo brasileiro expressa pelo voto e exercida em conformidade com a Constituição".

A carta ressalta ainda a importância dos 200 anos da independência do Brasil.

O texto afirma que o respeito ao Estado de Direito e a estabilidade democrática no país são indispensáveis para o Brasil superar os desafios e que esse é "o sentido maior do 7 de Setembro neste ano".

"Nossa democracia tem dado provas seguidas de robustez. Em menos de quatro décadas, enfrentou crises profundas, tanto econômicas, com períodos de recessão e hiperinflação, quanto políticas, superando essas mazelas pela força de nossas instituições", diz outro trecho do documento.

Na segunda-feira (8), Lula assinou a "Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito". O texto foi organizado por ex-alunos da Faculdade de Direito Largo São Francisco, da USP (Universidade de São Paulo), e contou com a articulação posterior de movimentos como o 247 Artes e o grupo Prerrogativas, que reúne juristas e advogados.

Ambas as cartas serão lidas no dia 11 de agosto em cerimônias na própria Faculdade de Direito Largo São Francisco.

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