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Discurso de Lula fortalece coalizão e 'aponta para o futuro', dizem economistas

Arminio Fraga e Edmar Bacha veem com alívio vitória do petista sobre Bolsonaro

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Brasília

Primeiro discurso de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), eleito presidente neste domingo (30), fortaleceu a perspectiva de um governo de coalizão, com um futuro mais estável para o Brasil. Essa foi a leitura dos economistas Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central, e Edmar Bacha, um dos pais do Plano Real.

Historicamente, os dois são economistas liberais associados ao PSDB, mas que abriram o voto em favor de Lula no segundo turno das eleições. Ao final da contagem dos votos, ambos utilizaram a palavra "alívio" para definir como receberam o resultado do pleito.

Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central, e Edmar Bacha, um dos pais do Plano Real; discurso de Lula foi bem recebido - 11.08.22 - Zanone Fraissat / Folhapress e 08.05.19 - Guito Moreto / Agência O Globo

"Alívio, alívio, alívio; esperança, esperança, esperança Foi um belo discurso", disse Bacha. "Tudo no discurso foi muito bom, mas especialmente o início, em que ele diz que não foi uma vitória do PT, mas da aliança democrática. A menção direta a Simone [Tebet] aponta para o futuro."

Tebet, do MDB, foi a terceira candidata mais votada no primeiro turno e contou com apoio de Bacha em sua campanha. A candidata apoiou Lula no segundo turno e existe a expectativa de que integre o novo governo.

Textualmente, Lula disse em seu discurso que "esta não é uma vitória minha, nem do PT, nem dos partidos que me apoiaram nessa campanha. É a vitória de um imenso movimento democrático que se formou, acima dos partidos políticos, dos interesses pessoais e das ideologias, para que a democracia saísse vencedora."

Em outro momento, destacou: "Vamos juntos pelo Brasil, olhando mais para aquilo que nos une do que para as nossas diferenças." E disse ainda: "Vou governar para 215 milhões de brasileiros e brasileiras e não apenas para aqueles que votaram em mim. Não existe dois brasis. Somos um único país, um único povo, uma grande nação."

Bacha foi um dos integrantes informais dessa coalizão. Ao abrir o voto em Lula no segundo turno se declarando preocupado com o destino da democracia em caso de reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL), cuja postura de confronto, especialmente com o STF (Supremo Tribunal Federal), é vista como um risco à democracia.

Arminio Fraga teve a mesma percepção. "A vitória [de Lula] foi um grande alívio, e o discurso foi inspirador, completo, de imenso alívio, e que espelha uma atitude construtiva de união com busca de convergência", afirmou Arminio. "Eu diria que ele se superou."

O discurso de Lula destacou em particular a importância da democracia, fator que Fraga também considerou crucial quando optou em abrir o voto em favor do petista.

"É assim que eu entendo a democracia. Não apenas como uma palavra bonita inscrita na Lei, mas como algo palpável, que sentimos na pele, e que podemos construir no dia-dia", afirmou o eleito.

"E é essa democracia que nós vamos buscar construir a cada dia do nosso governo. Com crescimento econômico repartido entre toda a população, porque é assim que a economia deve funcionar –como instrumento para melhorar a vida de todos, e não para perpetuar desigualdades."

E numa síntese de sua proposta de governo, Lula reforçou: "É preciso reconstruir esse país em todas as suas dimensões, na política, na economia, na gestão pública, na harmonia institucional, nas relações internacionais e, sobretudo, no cuidado com os mais necessitados."

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