Empresária que ofendeu nordestinos assina acordo e se desculpa; veja vídeo

Catarinense pediu para que empregadores não contratassem pessoas da região

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Brasília

A empresária de Santa Catarina que ofendeu nordestinos e orientou seus clientes a não contratarem pessoas da região Nordeste assinou acordo com o MPT (Ministério Público do Trabalho) e gravou um novo vídeo pedindo desculpas.

"Hoje eu vim a público para me retratar e pedir desculpas a toda a sociedade brasileira, especialmente aos nordestinos, ou a quem possa ter se sentido atingido com a minha declaração, por ter me expressado de forma tão equivocada no vídeo que publiquei no dia das eleições", afirma.

"Assédio eleitoral é um crime e nenhum empregador, seja ele de qualquer setor que for, tem o direito de interferir no voto de seus empregados. Também não é admissível que um escritório contábil, como eu sou, oriente, influa ou constranja qualquer empregador ou trabalhador a votar ou não votar em determinado candidato. É inadmissível e constitui crime que sejam discriminados trabalhadores de qualquer região do Brasil."


Em vídeo publicado no dia 2 de outubro, Jacira Paula Revers Chiamenti pediu que empresários "fechem as portas" de suas empresas para nordestinos. No primeiro turno, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve mais votos que o presidente Jair Bolsonaro (PL) em todos os estados da região.

"O que mais tem é carteira que a gente assina nas empresas desses desgraçados desses nordestinos que lá passam fome e vêm aqui vender rede na praia, pedir emprego de servente de pedreiro e ficar dormindo na frente dos nossos estabelecimentos", afirmou na primeira gravação.

"Se eles escolheram o Lula, eles que fiquem no estado deles, votando no Lula e comendo o Bolsa Família deles. Está aí o meu recadinho e vamos para cima nesse segundo turno", disse. A empresária é sócia da Contasul Contabilidade, no município de Itapema (SC).

O acordo com o MPT de Santa Catarina foi assinado na terça-feira (18). Além de gravar e divulgar o vídeo em todas as redes sociais da empresa, a mulher se comprometeu a não demitir ou admitir empregados apenas por sua orientação político-partidária.


A empresária também não poderá ameaçar, constranger e orientar seus funcionários ou pessoas que buscam trabalho nem incitar outros empregadores a fazer isso. A multa é de R$ 40 mil para cada uma das obrigações descumpridas.

Jacira também deverá pagar R$ 25 mil por danos morais coletivos. Cerca de R$ 16 mil serão usados para custear inserções da campanha de conscientização do MPT em emissoras de rádio da região entre 24 e 28 de outubro. O restante será doado para uma associação de Florianópolis.

O MPT recebeu 903 denúncias de assédio eleitoral contra 750 empresas até esta quinta-feira (20). A dez dias do segundo turno das eleições, os números da campanha deste ano já superam o de 2018, quando o MPT registrou 212 denúncias contra 98 empresários.


COMO E ONDE DENUNCIAR

O MPT sugere que os trabalhadores façam as denúncias com o maior número possível de provas materiais, como documentos, imagens e mensagens de texto ou áudios. Elas podem ser feitas no Brasil inteiro e de forma anônima por meio do site do Ministério Público do Trabalho.

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