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Kátia Abreu, líder ruralista, pede voto em Lula

Senadora, que já foi ministra de Dilma, ressalta saldo negativo do governo Bolsonaro no campo ambiental

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São Paulo

A senadora Kátia Abreu (PP-TO) divulgou nesta segunda-feira (10) um vídeo em seu perfil no Twitter em que pede voto em Luiz Inácio Lula da Silva (PT), candidato à Presidência da República, como a única forma de reverter a destruição da imagem ambiental do Brasil no exterior e seus reflexos sobre o agronegócio nacional.

Liderança ruralista, Abreu usou o vídeo para comentar uma decisão tomada em 13 de setembro pelo Parlamento Europeu, que aprovou uma nova lei ambiental proibindo a importação de produtos oriundos de áreas desmatadas.

A decisão europeia, diz a senadora, foi motivada pelos 13 mil quilômetros quadrados de desmatamento ilegal na Amazônia desde 2019, a partir do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL).

A senadora Kátia Abreu (PP-TO), durante entrevista - Raul Spinassé - 25.fev.21/Folhapress


Ela, que já foi presidente da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) e ministra da Agricultura durante o governo de Dilma Rousseff (PT), lembra que a UE é o segundo maior comprador dos produtos agropecuários brasileiros.

"Foram 453 votos a favor e apenas 57 contra. A lei proíbe a importação de qualquer produto oriundo de área em que ocorreu desmatamento —ilegal ou legal. Os principais alvos são a soja e carne bovina, nossos dois principais produtos de exportação", diz a senadora.

O regulamento tem o objetivo de aumentar o controle sobre as importações de carne bovina, óleo de palma, soja, madeira, cacau, café e outros produtos. Para que essas mercadorias sejam comercializadas na União Europeia, as empresas precisarão comprovar que elas não são provenientes de florestas derrubadas ilegalmente.

Após a aprovação do texto, o Parlamento passa a negociar a lei final com os 27 países que fazem parte da União Europeia. O projeto precisa ser aprovado pelos membros do bloco para entrar em vigor.

"A diplomacia brasileira está muito apreensiva, pois a opinião geral é a de que a imagem do Brasil na área ambiental se deteriorou progressivamente no exterior", segue a senadora. "Somos considerados um país irresponsável no que diz respeito às mudanças climáticas. Hoje, este é o verdadeiro risco Brasil", acrescenta ela, ao afirmar que todos os brasileiros pagarão a conta da redução das exportações na balança comercial, caso o Brasil seja atingido pela resolução da UE.


"Votar no Lula não é uma ameaça às nossas fazendas e aos nossos negócios. Neste momento, só ele consegue reverter essa situação caótica", conclui a senadora, ao reforçar o apoio ao candidato do PT.

Uma das faces mais conhecidas da bancada ruralista, Kátia Abreu não conseguiu se reeleger para o Senado pelo Tocantins no último dia 2 de outubro.

Empresária do ramo pecuarista, Abreu foi a primeira mulher a ser eleita senadora pelo seu estado e ficou conhecida também pela forte atuação durante o impeachment de Dilma Rousseff, quando fez uma defesa enfática da ex-presidente.

Ela também se tornou uma voz dissonante nos últimos anos, com o crescimento do apoio de grande parte do agronegócio a Bolsonaro. Apesar de o ex-presidente Lula ter vencido no Tocantins no primeiro turno, com apenas 18,5% dos votos, Abreu perdeu a vaga no Senado para a deputada federal Professora Dorinha (União Brasil).

A senadora agora pode ser uma das pontes do candidato petista com o agronegócio. Lula também prepara uma carta para o setor, na tentativa de virar votos que no primeiro turno foram para Bolsonaro.

A legislação da União Europeia também foi apontada como uma ameaça por Roberto Rodrigues, liderança ruralista que ocupou o ministério da Agricultura durante o primeiro mandato de Lula, em entrevista à BBC News Brasil.

Questionado sobre sua posição no pleito eleitoral, Rodrigues respondeu que não declararia seu voto. Apesar da ligação com o PT, ele elogia o governo Bolsonaro e diz não acreditar que a democracia corra risco.

Independentemente de que for eleito, Rodrigues ressalta que a questão ambiental deve ser priorizada para evitar uma deterioração da imagem do Brasil e, consequentemente, a perda de espaço do país no comércio internacional.

PT busca se aproximar do agro

O PT quer contornar a sensação de que a volta do partido ao Planalto traria riscos para o agro, reforçando que os dois mandatos de Lula foram marcados por um crescimento das exportações de commodities.

A ofensiva por votos junto ao agronegócio neste segundo turno inclui também a participação de Simone Tebet (MDB) na campanha.

A disputa pelo eleitor no campo neste segundo turno é muito acirrada, com a balança pendendo para Bolsonaro, mas o PT acredita ter muitos votos envergonhados nas áreas rurais, que podem contar a favor de Lula com uma abordagem mais eficiente.

Bolsonaro venceu nos estados que são referência em agropecuária, como Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Nessas áreas, o presidente nem precisa fazer campanha quando mira o voto agro e tem especialmente o apoio de grandes produtores.

Lula por sua vez, ficou na frente em Minas Gerais, e áreas que integram as chamadas novas fronteiras agrícola, como Matopiba, que inclui Maranhão, Tocantins e Bahia. O petista conseguiu apoio de alguns grandes produtores, mas tem ao seu lado especialmente os agricultores familiares e os trabalhadores.

O senador Carlos Fávaro (PSD-MT) também divulgou nesta segunda um vídeo em apoio a Lula, com foco na infraestrutura e voltado para o agronegócio. O vídeo se concentra em obras habitacionais e de infraestrutura entregues por Lula durante sua gestão.

"Bolsonaro não fez nenhuma obra em Mato Grosso, a maior prova da incompetência do presidente Bolsonaro é dada por ele. A ferrovia que vai chegar a Cuiabá e Lucas do Rio Verde não é federal, é obra do governo estadual."

"No caso da BR-163, o presidente foi incompetente ao dar uma solução para a chamada rodovia da morte. Mato Grosso tem memória e sabe quem fez obras e ações em favor do povo e do agronegócio: foi o presidente Lula", diz o senador. Ele cita como exemplos, ações nas BRs 364, 242 e 163.

Veja apoios do agro a Bolsonaro

Wellington Fagundes, deputado federal reeleito pelo PL-MT

  • Uma das principais lideranças do bloco partidário de apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL) no Senado e também expoente da bancada ruralista, Fagundes disse à Reuters que espera que o presidente conquiste a reeleição porque sua diretrizes políticas são as melhores para o Brasil. Ele afirmou, no entanto, que o agronegócio do país é pragmático e vai se adaptar a uma eventual vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Tereza Cristina, ex-ministra da Agricultura, eleita senadora pelo PP-MS

  • Deputada federal desde 2015, a engenheira agrônoma foi ministra da Agricultura no governo Bolsonaro entre 2019 e 2022 e a principal interlocutora do governo com o agronegócio. Ela ocupará no Senado a partir do ano que vem a vaga que tem hoje Simone Tebet (MDB) como titular. Tebet se licenciou para disputar as eleições presidenciais e deixará o cargo em fevereiro, quando Tereza assumirá a vaga.

Oscar Luiz Cervi, produtor rural

  • Dono de fazendas de soja, milho e algodão, Cervi foi o maior doador à campanha de Bolsonaro. Ele direcionou R$ 1 milhão à tentativa de reeleição do presidente. Nascido no Rio Grande do Sul, Cervi é radicado em Mato Grosso do Sul há cerca de 40 anos.

Antônio Galvan, ex-presidente da Aprosoja (Associação Brasileira dos Produtores de Soja)

  • Candidato derrotado a uma vaga no Senado pelo PTB de Mato Grosso, Galvan foi alvo de operação da PF por suposta divulgação de fake news junto com o cantor Sérgio Reis e esteve ao lado do presidente Bolsonaro no 7 de Setembro em Brasília, apesar da determinação do STF para não se aproximar da Praça dos Três Poderes.
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