Descrição de chapéu Financial Times

A vida no Japão de Jack Ma, fundador do Alibaba, após briga com a China

Bilionário passou quase seis meses no país depois de desaparecer da vista do público

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Financial Times

Jack Ma, fundador do Alibaba e que já foi o líder empresarial mais rico da China, vive na região central de Tóquio há quase seis meses, em meio à contínua repressão de Pequim ao setor de tecnologia do país e seus empresários mais poderosos.

A estada de meses de Ma no Japão com sua família incluiu temporadas em fontes termais e resorts de esqui no interior e viagens regulares aos Estados Unidos e Israel, segundo pessoas com conhecimento direto de sua localização.

Ma praticamente desapareceu da vista do público desde que criticou os reguladores chineses, há dois anos, acusando os bancos estatais de terem uma "mentalidade de casa de penhores" e pedindo novos atores ousados, que estendessem o crédito aos pobres sem garantias.

O fundador do Alibaba, Jack Ma, durante evento em Xangai, em 2018 - Aly Song/Reuters

Desde então, as duas empresas que ele fundou, a Ant e o grupo de comércio eletrônico Alibaba, enfrentaram uma série de obstáculos regulatórios. Os reguladores chineses cancelaram a oferta pública inicial de US$ 37 bilhões da Ant e multaram o Alibaba em um valor recorde de US$ 2,8 bilhões por abusos antitruste no ano passado.

A ausência de Ma da China coincidiu com a escalada dos controles da "Covid zero" do presidente Xi Jinping este ano, que provocou um bloqueio severo em Xangai e no delta do Rio Yangtze em abril e maio e provocou protestos em todo o país nos últimos dias. Ma tem uma casa em Hangzhou, cidade próxima de Xangai, onde fica a sede do Alibaba.

Desde seu desacordo com as autoridades chinesas, Ma foi visto em vários países, incluindo Espanha e Holanda. Ao passar menos tempo em sua casa na China, o bilionário evitou as duras quarentenas da Covid-19 impostas a qualquer pessoa que entrasse no país, bem como questões políticas espinhosas decorrentes de seu esforço anterior para ganhar influência nos corredores do poder do país.

Ma se manteve discreto durante sua estada em Tóquio, tendo levado seu cozinheiro pessoal e segurança e mantendo suas atividades públicas ao mínimo, segundo pessoas próximas dele.

Suas atividades sociais giram em torno de alguns clubes privados, um deles situado no bairro de Ginza, em Tóquio, e outro no distrito financeiro de Marunouchi, em frente ao Palácio Imperial.

O clube exclusivo em Ginza tornou-se um centro social movimentado, mas discreto, para chineses ricos que se estabeleceram em Tóquio ou estão em visitas prolongadas, de acordo com os membros.

Pessoas envolvidas na cena de arte moderna do Japão disseram que Ma se tornou um colecionador entusiástico. Amigos do bilionário na China disseram que ele começou a pintar aquarelas para passar o tempo, depois de ser forçado a se retirar de sua frenética vida pública, viajando para reuniões com autoridades na China e em todo o mundo.

Outros disseram que Ma usou seu tempo no Japão para expandir seus interesses comerciais além das principais tecnologias de comércio eletrônico do Alibaba e Ant, e no campo da sustentabilidade. De modo geral, ele entregou as rédeas para uma nova geração de líderes nas duas empresas.

O paradeiro de Ma tem sido objeto de intensa especulação desde que o fundador do Alibaba foi visto na ilha espanhola de Mallorca no ano passado, segundo relatos da mídia local. Em julho, Ma também visitou uma universidade na Holanda para aprender sobre produção sustentável de alimentos.

As atividades no programa de treinamento de executivos de elite na Universidade Hupan, fundada por ele há sete anos, também se atenuaram depois que algumas autoridades as consideraram um meio para Ma ampliar sua rede.

Sua instituição de caridade, a Fundação Jack Ma, onde ele prometeu dedicar seus anos pós-Alibaba, reduziu sua publicidade, após anos de doações mundiais, como a distribuição de milhões de máscaras no início da pandemia, que ajudou o magnata a reforçar sua marca global.

Seu último tuíte foi em novembro de 2020, no momento em que a pressão regulatória de Pequim contra empresas e empreendedores de tecnologia estava começando.

Os seis meses de Ma no Japão coincidiram com uma liquidação histórica pelo SoftBank de sua antiga participação acionária no Alibaba, depois que o grupo de tecnologia japonês sofreu um forte golpe com o declínio tecnológico global no início deste ano.

A Fundação Jack Ma e a Ant não responderam a pedidos de comentários sobre a visita de Ma a Tóquio.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

Kana Inagaki , Leo Lewis , Ryan McMorrow e Tom Mitchell
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