Espanha, França e Portugal anunciam canal marítimo para abastecer Europa com hidrogênio verde

Embora tenha surgido em meio à crise com gás da Rússia, projeto 'H2Med' levará anos para ficar pronto

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Francesco Fontemaggi Alfons Luna
Alicante | AFP

Espanha, França e Portugal vão revelar, nesta sexta-feira (9), os primeiros detalhes da construção do H2Med, um projeto de conduto marítimo para levar hidrogênio verde da Península Ibérica à França e ao resto da Europa.

Reunidos na cidade espanhola de Alicante, os presidentes francês, Emmanuel Macron, e português, Antonio Costa, e o chefe de Governo espanhol, Pedro Sánchez, vão formalizar, perante a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, o compromisso com um roteiro e um calendário para este projeto com financiamento europeu.

Embora a iniciativa se deva, em parte, ao interesse europeu em reduzir a dependência energética da Rússia após a invasão da Ucrânia, é um projeto que levará anos e não foi pensado para a crise atual, mas para uma transição para energias renováveis.

Antonio Costa, primeiro-ministro de Portugal, Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, Pedro Sanchez, primeiro-ministro da Espanha e Emmanuel Macron, presidente da França, posam para uma foto antes de iniciar as discussões em Alicante, Espanha - Ludovic Marin - 9.dez.2022/AFP

Nomeado "H2Med" ou "BarMar" (contração de Barcelona e Marselha), o conduto submarino permitirá o transporte de hidrogênio verde —obtido a partir de eletricidade renovável.

Os ministros da Energia dos três países acompanharão os dirigentes em Alicante "para apresentar as primeiras conclusões sobre a viabilidade da infraestrutura, seu financiamento e pré-planejamento", disseram fontes da presidência francesa.

Referências

Anunciado em 20 de outubro durante uma cúpula europeia, o H2Med substituirá o MidCat, projeto lançado em 2003 para conectar as redes de gás da França e da Espanha através dos Pirineus, mas que foi abandonado por falta de atratividade econômica e pela resistência de grupos ecologistas e de Paris.

Inicialmente serviria para Espanha e Portugal exportarem gás para a Alemanha e Europa Central, dadas as suas grandes capacidades de regaseificação —40% da União Europeia—, mas finalmente só será utilizado para transportar hidrogênio verde, algo que facilitará o financiamento europeu, segundo fontes do governo espanhol.

"Converter a Península Ibérica em uma potência de exportação de energia renovável é algo pelo qual vale a pena trabalhar", comentou Sánchez no final de novembro, quando assumiu a liderança da Internacional Socialista.

Espanha e Portugal querem ser referências mundiais em hidrogênio verde, graças aos seus inúmeros parques eólicos e fotovoltaicos.

O encontro de Macron, Sánchez e Costa na cidade costeira espanhola antecederá uma cúpula do chamado grupo EuroMed 9, que reúne os países europeus da costa mediterrânea, formado também por Croácia, Chipre, Grécia, Itália, Malta e Eslovênia.

Na ocasião, Sánchez deverá manter uma reunião bilateral com a primeira-ministra italiana Georgia Meloni, mas neste momento, segundo fontes francesas, não há encontro agendado entre a líder de extrema-direita e Macron, com quem teve um forte embate diplomático devido à recusa da Itália em aceitar alguns refugiados resgatados no mar.

A cúpula deveria ter sido realizada em setembro, mas foi adiada porque Sánchez contraiu Covid.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.