Questionado sobre cargo no governo, Mercadante se nega a responder

Coordenador da transição também diz não ter conhecimento de iniciativas para alterar Lei das Estatais

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Lisandra Paraguassu Renato Machado
Brasília | Reuters

O coordenador técnico da transição de governo, Aloizio Mercadante, se recusou a responder se será indicado para comandar algum ministério ou estatal no próximo governo, após ser questionado por repórteres nesta segunda-feira (12).

Mercadante também afirmou desconhecer "qualquer iniciativa" por parte do governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que tomará posse em 1° de janeiro, de alterar a Lei das Estatais.

O dólar avançava mais de 1,5% frente ao real e o Ibovespa registrava queda superior a 2,5% após notícias colocarem Mercadante como cotado para assumir o comando do BNDES ou da Petrobras.

Aloizio Mercadante no primeiro debate entre candidatos à Presidência - Mathilde Missioneiro/Folhapress

Segundo participantes do mercado, a nomeação de Mercadante sinalizaria uma política econômica mais desenvolvimentista do governo eleito, com possível expansão do gasto público para impulsionar o crescimento.

Aliado a isso, rumores de mudanças na Lei das Estatais também foram citadas por agentes financeiros como um dos motivos para a forte queda do Ibovespa.

Como Mercadante atuou na campanha de Lula, sua indicação para uma estatal poderia entrar em conflito com a legislação.

Isso porque a Lei das Estatais estabelece que "é vedada a indicação, para o Conselho de Administração e para a diretoria, da pessoa que atuou, nos últimos 36 meses, como participante de estrutura decisória de partido político ou em trabalho vinculado a organização, estruturação e realização de campanha eleitoral".

O economista e ex-ministro Nelson Barbosa, um dos coordenadores do grupo técnico (GT) de Economia, disse não ter opinião sobre uma mudança na Lei das Estatais, e acrescentou que o assunto não chegou a ser discutido no GT. Ele afirmou, no entanto, que o tema vai ser avaliado pelo comitê do Ministério do Planejamento, que é onde está a secretaria das empresas estatais.

Barbosa também criticou nesta segunda a reação do mercado à possibilidade de Mercadante ocupar uma vaga no novo governo.

O ex-ministro disse que o mercado reage mal "a qualquer nome do PT", mas que precisa aceitar que o partido venceu as eleições presidenciais.

"O mercado reage mal a qualquer nome do PT. [Mas] o PT ganhou a eleição. E eu acho que o Mercadante, assim como na semana passada já disse sobre o Haddad, é um dos principais quadros políticos do PT e do Brasil, foi ministro de diversas pastas. Ele tem capacidade, eu tenho certeza, de fazer um ótimo trabalho em qualquer cargo para o qual seja apontado", afirmou Barbosa ao ser questionado especificamente sobre a possibilidade de Mercadante comandar o BNDES.

"Essas flutuações de mercado acontecem, mas acho que à medida que o governo apresente os seus projetos e suas propostas esse ruído vai ser eliminado", completou.

Sobre o seu próprio futuro, Barbosa disse que sua contribuição estará finalizada quando for concluído o trabalho no gabinete de transição. E acrescentou que, por enquanto, não há "nenhuma indicação de qualquer outro papel no governo".

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