UE adota imposto inédito sobre carbono emitido por produtos importados ao bloco

Taxa será aplicada a importações industriais, como ferro, aço e fertilizantes

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Pierre Benazet
Bruxelas | RFI

Os estados membros da UE (União Europeia) e o Parlamento Europeu anunciaram nesta terça-feira (13) um mecanismo inédito para obter importações industriais "verdes" na Europa, com um imposto sobre as emissões de carbono vinculadas a sua produção.

É uma decisão que alguns classificam de revolucionária, já que a ideia vem sendo discutida na UE desde a década de 1990. O imposto será oficialmente chamado de "Mecanismo de Ajuste ao Carbono nas Fronteiras" e será aplicado às importações de ferro, aço, cimento, alumínio, fertilizantes, e também à eletricidade e ao hidrogênio, além de algumas mercadorias como parafusos e porcas.

Na Europa, o sistema de cotas de emissões de carbono estabelece que as empresas paguem por "direitos de poluição". Mas, agora, para a importação aos países do bloco, também será necessário pagar pelo carbono emitido, comprando um certificado de emissão para se alinhar ao preço das licenças correspondentes na UE.

Bandeiras da União Europeia do lado de fora da sede da Comissão Europeia, em Bruxelas - Yves Herman - 28.set.2022/Reuters

Inédito, o mecanismo pretende colocar a indústria europeia em pé de igualdade com os concorrentes estrangeiros. A UE também espera que a medida desestimule a transferência de fábricas para fora do bloco e traga mais lucros aos países europeus.

"O Mecanismo de Ajuste ao Carbono nas Fronteiras será um pilar crucial das políticas climáticas europeias. É um dos únicos mecanismos que temos para incitar nossos parceiros de negócios a 'descarbonizar' sua indústria manufatureira", afirmou Mohammed Chahim, deputado relator do texto, citado em um comunicado do Parlamento Europeu.

Pagar pela poluição

O aço produzido na China terá que pagar pelo carbono emitido durante a extração, depois pelas emissões na fábrica e ainda da usina elétrica que alimenta a fábrica.

Este custo será determinado às importações para a UE de produtos considerados como os mais poluentes atualmente. No entanto, a lista de matérias-primas e mercadorias ainda deve aumentar: Bruxelas pretende estudar, por exemplo, uma possível extensão da medida aos polímeros (plástico).

Segundo Pascal Canfin, presidente do Comissão de Meio Ambiente do Parlamento Europeu, a medida diminuirá a incitação à transferência das fábricas europeias para outros países, já que o mecanismo deverá equiparar os preços dos produtos importados aos dos europeus.

"O recado para nossas indústrias é claro: não há necessidade de ir para outros países porque tomamos as medidas necessárias para evitar a concorrência desleal, garantindo um tratamento justo aos produtores europeus e mercadorias importadas", disse.

Outro avanço significativo nas negociações é que o valor adquirido com esse imposto será diretamente enviado aos cofres da UE. A previsão é que o imposto gere cerca de 14 bilhões de euros (R$ 78,4 bilhões) em receitas.

A medida entrará em vigor a partir de 1º de outubro de 2023, com um período de transição durante o qual os importadores serão obrigados a declarar as emissões relacionadas à produção da mercadoria importada.

A data definitiva para a aplicação do imposto será decidida neste fim de semana enquanto as negociações sobre uma reforma mais abrangente do mercado de carbono na UE continuam.

Com AFP

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