Anfavea prevê alta de 2,2% na produção de veículos em 2023

Em vendas, projeção indica crescimento de 3% no mercado interno

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São Paulo

Apesar da queda nas vendas no mercado interno, as exportações garantiram uma alta de 5,4% na produção de veículos no Brasil. O dado foi divulgado nesta sexta (6) pela Anfavea (associação das montadoras), que também revelou suas projeções para 2023.

Foram montadas 2,368 milhões de unidades em 2022. O número inclui carros de passeio, veículos comerciais leves, ônibus e caminhões.

Os cálculos da associação apontam que 2,421 milhões de carros de passeio, comerciais leves, ônibus e caminhões deverão sair das linhas de montagem neste ano. Trata-se de uma elevação de 2,2% na comparação com 2022.

Pátio de veículos da GM - Fabio Braga/Folhapress

A entidade espera ainda que 2,168 milhões de unidades sejam emplacadas ao longo do ano, o que significaria um crescimento de 3% em relação a 2022. Fatores como melhora no fornecimento de peças e demanda reprimida contribuem para o otimismo, embora contido.

É uma previsão bem diferente da feita pela Fenabrave. A representante dos revendedores acredita que as vendas terão alta de apenas 0,1% neste ano, impactadas pela desaceleração global da economia e pelas restrições no acesso ao crédito.

Enquanto as vendas de veículos leves e pesados registraram queda de 0,7% na comparação entre 2021 e 2022, as exportações cresceram 27,8% no mesmo período. Foram enviados 480,9 mil veículos ao exterior.

A Argentina, que representou 35% das exportações do Brasil em 2021, viu essa faria cair para 29% no ano passado.

"Quando se pensa em Argentina e Brasil, pensamos em um mercado só. Esse desbalanceamento é uma questão importante", disse Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea.

Os estoques permanecem estáveis. Há 187,9 mil veículos disponíveis nas concessionárias e nos pátios das fábricas, volume suficiente para atender a 26 dias de vendas.

O nível de emprego se manteve estável entre 2021 e 2022. Dezembro do ano passado terminou com 102,4 mil funcionários nas montadoras, uma alta de 1,4% em relação ao mesmo mês do ano anterior.

Ocorreram, contudo, grandes movimentações ao longo desses anos, com impactos dos fechamentos de fábricas da Ford, da Mercedes e da Toyota.

Houve realocações e ainda há acordos trabalhistas em andamento, e outros resultados dessas mudanças devem aparecer ao longo de 2023.

O ano será positivamente impactado pelo início dos trabalhos na fábrica da chinesa GWM em Iracemápolis (interior de São Paulo) e pelo provável acordo entre Ford, BYD e governo da Bahia.

A montadora de origem chinesa já produz ônibus elétricos em Campinas (interior de São Paulo), mas há planos avançados para aquisição do complexo de Camaçari.

Em outubro, o então governador da Bahia, Rui Costa (PT), anunciou a assinatura de um protocolo de intenções com a BYD, que pretende produzir carros de passeio eletrificados no Brasil.

Com a chegada do novo governo —e com a recriação do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, pasta assumida pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB)—, a Anfavea apresentou sua agenda prioritária para 2023.

A associação das montadoras está animada com o retorno do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. "A primeira fala do ministro Alckmin foi fantástica, falou sobre semicondutores e reindustrialização, mas resta saber se teremos velocidade na implementação da reforma tributária", disse Lima Leite.

Ele avalia que o vice-presidente foi "o melhor nome para o cargo".

O presidente da Anfavea afirmou ainda que o mais importante é ter diálogo com o governo. Representantes da associação já participaram de um jantar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT).

Para José Maurício Andreta Júnior, presidente da Fenabrave, o retorno do ministério só poderá ser avaliado após o início dos trabalhos. "Acho que essa mudança precisa ser sentida ainda. Vamos esperar os primeiros passos e aguardar qual será a equipe, mas vejo com bons olhos [a volta do ministério]."

Segundo Márcio de Lima Leite, a redução dos custos de produção e de comercialização são fundamentais para o crescimento do setor.

"Não dá para imaginar um mercado em que mais de 70% das vendas são feitas à vista. Há três anos, era o contrário", disse o executivo.

Outro ponto mencionado é a celebração de novos acordos bilaterais, para tornar o Brasil mais atraente para receber novas fábricas de veículos e de componentes, além de ampliar o potencial de exportação.

"Temos que ter a consciência de que quando apresentamos nossos planos, eles precisam ser competitivos", afirmou Leite.

A redução dos custos tributários e o estímulo à pesquisa também estão na pauta da associação.

Além de divulgar os números expectativas para o setor, a Anfavea apresentou sua nova logomarca.

O desenho anterior, que destacava a silhueta de um calhambeque, foi substituído por um desenho que, segundo a associação, remete à tecnologia e à mobilidade. O contorno do carrinho antigo, contudo, continua presente.

Márcio Lima Leite, presidente da Anfavea, apresenta a nova logomarca da associação das montadoras - Eduardo Sodré/Folhapress
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