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Investidor deve exigir prêmio maior em emissões de dívida após Americanas, estima XP

Pedido de recuperação judicial da varejista criou clima de incerteza no mercado de crédito

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Paula Arend Laier
São Paulo | Reuters

A magnitude dos problemas contábeis do caso Americanas, que culminou com um pedido de recuperação judicial da varejista, criou um clima de incerteza no mercado de crédito, o que, na visão da equipe da XP Investimentos, deve exigir prêmios de risco mais elevados.

"É possível que as taxas acordadas com as instituições financeiras das novas emissões que estavam em andamento - de qualquer empresa ou setor - tenham dificuldade para serem mantidas no mesmo patamar praticado anteriormente, ou ainda ocasionar decisão de postergação da emissão", afirmou a chefe de renda fixa da XP, Camila Dolle.

Em relatório assinado também pelas analistas Mayara Rodrigues e Natalia Moura, a visão é de que um movimento de aversão a risco mais amplo no mercado secundário desencadeado pelo episódio acaba "contaminando" também o mercado primário, ainda que durante uma janela de tempo relativamente curta.

Unidade das Lojas Americanas no centro de São Paulo - Bruno Santos - 17.jan.2023/Folhapress

"Na prática, isso significa que a leitura do risco de crédito foi reprecificada, e está maior neste momento", afirmaram no documento publicado no final da sexta-feira (20).

Mas também observam que o entendimento é de que o estresse está controlado e não se equipara ao que ocorreu em março de 2020, quando começaram as medidas mais rígidas relacionadas à pandemia de Covid-19, por se tratar de um caso pontual.

Elas avaliam que não ficou mais arriscado investir em debêntures, títulos de renda fixa emitidos por empresas, que geralmente apresentam risco mais alto do que títulos públicos, assim como títulos bancários, por não contarem com a garantia do Fundo Garantidor de Créditos (FGC).

"O caso da Americanas corrobora o entendimento de risco mais elevado das debêntures em relação a outras opções de renda fixa, em troca de uma remuneração comparativamente maior", afirmaram. "Mas não torna o instrumento em si mais arriscado."

No caso da Americanas, elas explicaram que, em um processo de recuperação judicial, o primeiro impacto sentido pelo investidor de renda fixa é visto na posição de custódia, uma vez que os títulos de dívida da empresa deixam de ser negociados, e têm o seu valor zerado na marcação a mercado.

"Isto difere das ações, que deixam de fazer parte dos índices da bolsa, mas as negociações continuam", acrescentaram.

Com a RJ, a Americanas também suspenderá o curso normal de pagamentos de juros e principal de seus títulos de dívida, os quais passarão a ser submetidos às condições do plano aprovado.

A equipe da XP também afirmou que, a partir da publicação do quadro geral de credores, que deve ocorrer em até 48 horas da aprovação da recuperação judicial, o investidor saberá em que categoria foi classificado e poderá realizar seu voto contra ou a favor do plano em assembleia de credores.

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