Famílias afetadas por seca no RS receberão adiantamento do Bolsa Família

Medida foi uma das anunciadas por comitiva de ministros após visita a assentamento atingido

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Porto Alegre

Após a visita de uma comitiva de ministros ao município de Hulha Negra, na região da Campanha do Rio Grande do Sul a cerca de 370 quilômetros de Porto Alegre, o governo federal anunciou o detalhamento das primeiras medidas de emergência contra a seca no RS.

A exemplo do anunciado aos atingidos pelo temporal histórico no litoral de São Paulo nos últimos dias, famílias gaúchas terão o pagamento do Bolsa Família adiantado.

Segundo o ministro Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome), serão 30 mil famílias beneficiadas com adiantamentos de até R$ 2.400. Os pagamentos serão feitos em 20 de março. Pelos cálculos do governo, serão investidos cerca de R$ 30 milhões por meio do Bolsa Família.

Homem jovem de camiseta, bermuda e boné vermelho é cercado de ministros em um gramado. Em primeiro plano, se observa uma mãe carregando uma menina no colo.
Comitiva de ministros visitou produtores de Hulha Negra, município afetado pela seca no RS, antes de oficializar medidas emergenciais. - Fábio Pozzebom/Agência Brasil

A medida faz parte de um pacote de R$ 430 milhões já disponibilizados pelo governo federal e anunciados na véspera da visita dos ministros.

Estiveram no Rio Grande do Sul, além de Dias, os ministros Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar), Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária) e Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social da Presidência), além de Adriana Melo, secretária do Ministério de Integração e Desenvolvimento Nacional, e Edegar Pretto, presidente da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).

O ministro Paulo Teixeira confirmou a ampliação do Crédito Instalação em R$ 5.200 por família, que beneficiará 10 mil delas. Essa modalidade de crédito é paga pelo Incra por meio do Programa Nacional de Reforma Agrária a famílias assentadas para estimular o desenvolvimento das primeiras atividades produtivas.

A ampliação dessa modalidade de crédito faz parte do pacote de R$ 300 milhões que deverão ser desembolsados via micro-crédito pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário.

Teixeira prometeu ainda levar ao Ministério da Fazenda um pedido formal de perdão de dívidas recentes de produtores gaúchos com o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), dado que a seca no RS se repetiu por três anos dos últimos quatro anos.

Outros R$ 100 milhões deverão ser investidos via Ministério da Integração e Desenvolvimento Nacional em medidas como a contratação de caminhões-pipa e na compra e doação de cestas básicas e de combustível, entre outras ações. As medidas devem atender cerca de 300 municípios gaúchos.

A comitiva visitou o assentamento de Meia Água, em Hulha Negra, município de 6,600 pessoas onde foram assentadas centenas de famílias de produtores rurais sem-terra na década de 1990.

Os ministros visitaram a propriedade de Sirinei Santos, agricultor assentado que viu a produção mensal de leite cair de 4.400 litros para 1.500 litros com a escassez de água e de pasto para o gado. O município não tem registro de chuva em quantidade relevante há mais de 90 dias.

O governador Eduardo Leite (PSDB) decidiu de última hora viajar ao encontro dos ministros e prometeu levar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva duas demandas que, no entendimento dele, partem do pressuposto de que a estiagem será um problema a ser combatido no RS de forma continuada.

A primeira é a inclusão do RS entre os estados atendidos pelo governo federal por caminhões-pipa durante os ciclos da seca, como os do Nordeste. A segunda é o destravamento da legislação ambiental para a construção de novos açudes.

Como mostrou reportagem da Folha, a falta de chuva voltou a castigar lavouras gaúchas neste ano, além de esvaziar açudes e dificultar as condições para a criação de gado. Municípios gaúchos já estimam um prejuízo de R$ 13 bilhões com a nova seca em 2023, segundo dados divulgados no dia 17 pelo governo estadual. Neste dia, 307 municípios já haviam decretado situação de emergência pela estiagem.

O Governo do Rio Grande do Sul também indicou que as projeções para a produção de soja e de milho foram revisadas para baixo em 20,8% e 30,6%, respectivamente.

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